domingo, 13 de dezembro de 2009

Great Expectations - Avatar


James Cameron é um homem que não tem uma filmografia muito extensa, tendo realizado apenas oito filmes e dois documentários em toda a sua carreira, mas ficou para sempre na história do cinema, assim como cada um dos filmes que fez. Apesar de dizer que não pensa de forma hollywoodesca e ser canadiano, não se preocupando em ter sucesso comercial, todos os seus filmes foram grandes êxitos de crítica e bilheteira. O Titanic continua imbatível no topo, passados 12 anos desde que foi feito. 14 nomeações, 11 oscares, e o maior sucesso de bilheteira de todos os tempos. Desde esse filme que James Cameron se tinha dedicado apenas a explorar o fundo dos oceanos, fazendo dois documentários para poder financiar as expedições. O mundo implorava que ele voltasse a fazer algum filme. Afinal de contas, foi ele quem fez os primeiros dois Exterminadores Implacáveis, O Abismo, Aliens: O Reencontro Final e A Verdade da Mentira. Talvez o facto de apenas ter feito estes filmes, e do intervalo de tempo entre eles ser tão grande, seja explicado pela sua mania da perfeição. Tudo passa pelas suas mãos, desde o guião, realização, produção e montagem. Não há nada que ele não controle. Repete as cenas até 40 vezes se for necessário, sendo que a rodagem dos seus filmes é sempre bastante longa.

Escreveu Avatar em 1995 e após realizar Titanic tentou saber se era possível realizar esse filme. Não. O mundo e a tecnologia ainda não estavam preparados para um filme tão inovador. Eis que já em pleno século XXI ele vê um certo Gollum num filme chamado O Senhor dos Anéis e pergunta-se se já pode retirar o guião de Avatar da gaveta. Foi necessário criar nova tecnologia, a mais avançada de sempre, com uma nova câmara de alta definição e novos aparelhos para as cenas de motion capture (em que se capta o movimento dos actores e se integra nas suas personagens digitais) e 4 anos para concretizar este sonho. Prevê-se uma revolução da experiência de ver filmes, prometendo uma imersão total do espectador na acção através do 3D.

A história dificilmente podia ser mais irreverente (principalmente se tivermos em conta que foi inventada há já 15 anos). Sam Worthington (Exterminador Implacável: A Salvação) interpreta um ex-marine que ficou paralítico em combate e tem uma nova oportunidade de voltar a andar e a servir o seu país, quando o convidam a experimentar um Avatar para visitar um novo planeta. Um avatar é um "traje biotecnológico onde se mistura o seu ADN com o da raça extraterrestre que povoa esse mundo. O seu objectivo é comunicar com essa civilização", como o actor explica à Premiére, de forma a que os seres humanos consigam explorar os recursos naturais desse planeta. Acontece que esta espécie vive em harmonia com a natureza, pelo que a introsão devastadora do ser humano tem que ser travada a qualquer custo. Começa então uma batalha entre os habitantes nativos de Pandora (o planeta) e os seres invasores (os humanos). Jake, o protagonista, que aprendeu a forma de viver e os costumes dos Na'vi (os nativos) com a ajuda de Neytiri (interpretada pela belíssima Zoe Saldana que vimos nos Piratas das Caraíbas e em Star Trek), por quem se apaixona, tem então que decidir de que lado da batalha está.

Além destes actores, temos Sigourney Weaver, a cientista que inventa os avatares e "acredita que a ciência pode salvar o planeta Pandora" (pensem no mito da caixa de Pandora, se faz favor); Stephen Lang (Inimigos Públicos), o coronel que comanda a invasão do planeta; Giovanni Ribisi (Inimigos Públicos, 60 Segundos), o homem que quer explorar os recursos naturais de Pandora a todo o custo; e Michelle Rodriguez (Velocidade Furiosa), militar e amiga da personagem de Sam Worthington. Não devia mencionar Joel David Moore, porque além de ter o meu nome, participou num dos piores filmes de sempre: "The Hottie and The Nottie", ou "A Bela e a Feia", com Paris Hilton. Não percebo como é que se salta desse exterco para uma das maiores produções do ano...

Quinta-feira, vamos ser invadidos por Avatar nas nossas salas de cinema. Não vou poder assistir à sua estreia, mas mal posso esperar por abalar os meus alicerces com um filme que promete ser uma experiência inesquecível.

Assistam a este vídeo no Youtube, para terem noção do trabalhão que este filme deu: http://www.youtube.com/watch?v=L6JXUoWeZ7Q
Vejam também a reacção dos críticos que tiveram o privilégio de assistir à ante-estreia em Londres na passada quinta-feira: http://ipsilon.publico.pt/cinema/texto.aspx?id=247142

sábado, 5 de dezembro de 2009

Curtas-Metragens - Grandes Obras


As curtas-metragens, forma de cinema tão ignorada, são muitas vezes verdadeiras obras de arte. Preciosidades, é com elas que se formam todos os artistas da sétima arte. Eu próprio já fiz umas quantas, procurando o meu próprio estilo, aprendendo e imitando, não o nego. Vou encontrando pequenas noances nos meus filmes preferidos, que gosto de recriar para contar as minhas próprias histórias. Vou encontrando também novos ângulos e conhecendo as dificuldades, as limitações. Vou descobrindo truques, com os quais consigo criar e dar vida a tantas fantasias e abstracções. Transformo a minha imaginação e sonhos em realidades.

As curtas-metragens, como obras de arte e ferramentas de aprendizagem que são, são também vencedoras de prémios (inclusivé Oscars) e dão notoriedade a futuros grandes realizadores e actores.

As curtas-metragens, são como os contos. Há pequenas histórias que só por serem transformadas em romances, perdem metade da sua beleza. Não devem ser prolongadas mais do que aquilo que são. São belas pela sua simplicidade. Ou deslumbrantes pela forma como têm tanto condensado em tão pouco tempo. São exercícios de liberdade, em que o artista pode fazer o que quer sem ter que se preocupar em como vender o seu produto. É fruto do nosso egocentrismo. Fazemo-las como nós gostaríamos de as ver, para agradar a nós próprios, namorando o nosso próprio úmbigo. Podem emocionar, surpreender, divertir, confundir, chocar.

Gosto de as ver. Mas são tão pouco divulgadas, a maioria delas, que só se encontram em certos círculos mais restritos.

Eis que aparece uma nova ferramenta, muito útil, que nos fornece um acesso a um conjunto de obras tão mais vasto. A Internet e o Youtube (em concreto), apesar dos seus inúmeros defeitos, tem esta qualidade. Acesso.

Deixo-vos aqui um conjunto de grandes obras que eu muito aprecio... Tendo participado nalgumas delas... Falando de namorar com o úmbigo...












Lost? (Coldplay Video Competition)




Sociologia da Saúde - Desigualdades Sociais face à Saúde: http://www.youtube.com/watch?v=2LEAFGDSWV4

Blair Bitch - As Desventuras de Vagina Girl

E a fotografia que podem ver no topo deste post foi tirada durante as filmagens da minha última curta, a qual ainda está em pós-produção... Desejem-me sorte...

Surrogates - Os Substitutos


A primeira coisa em que penso quando oiço o título português deste filme é na música de uns desenhos animados da Disney que também se chama "Os Substitutos" (em Portugal e no Brasil). Infelizmente, chama-se "The Replacements" nos países anglosaxónicos, pelo que a associação só tem lógica em Portugal.


"Os Substitutos" é um filme de ficção-científica, protagonizado pelo veterano Bruce Willis e realizado pelo medíocre realizador de "Exterminador Implacável 3 - A Ascenção das Máquinas" (o pior filme da saga e o último em que Schwarzenneger participou), Jonathan Mostow. Willis demonstra neste filme a sua qualidade enquanto actor e não como estrela de acção. A idade dele já pesa, algo que torna este filme ainda melhor. Pena não se dedicar a mais papéis dramáticos como nos filmes de M. Night Shyamallan ("O Sexto Sentido" e "The Unbreakable - O Protegido"). Quem sabe... Ambos estão a precisar de um empurrão nas suas carreiras. Talvez uma nova parceria entre eles fosse benéfica. O público agradecia. Deixo aqui o mote.

Este filme faz lembrar o filme "I, Robot", de Alex Proyas (um realizador que considero um artista, apesar de "Knowing - Sinais do Futuro" - http://joelpearsmoviesandshits.blogspot.com/2009/05/knowing-sinais-do-futuro.html) protagonizado por Will Smith, em 2004. Não só por serem ambos filmes de ficção-científica com robots, mas pela vertente filosófica que ambos têm (o melhor destes filmes) e por serem ambos policiais carregados de suspense, o que os torna absolutamente hipnotizantes. Para acentuar ainda mais as parecenças dos dois filmes, o actor que interpreta o criador dos robots de "I, Robot" e o criador dos Substitutos (Surrogates) é o mesmo - James Cromwell, um óptimo actor que também podemos ver na série "Sete Palmos de Terra - Six Feet Under", e mais conhecido por ser o dono de "Um Porquinho Chamado Babe". Ehehehe.

Numa sociedade em que cada vez mais as pessoas desejam ser perfeitas e belas para sempre, satisfazendo os sete pecados mortais sem consequências, os Substitutos seriam a invenção perfeita. Todas as pessoas podem correr riscos sem sairem da segurança do seu quarto. Ligados "telepaticamente" ao seu substituto, têm todo o tipo de sensações e sentimentos como se estivessem realmente a caminhar pela cidade, a trabalhar, a fazer sexo com quem quisessem, a atirarem-se de edifícios, sem morrerem, sem apanharem doenças, sem sentirem dor... No entanto, existe sempre quem compreenda que as pessoas estão na verdade a viver uma mentira. As pessoas fechadas nos quartos são feias, doentes, incapacitadas... frágeis! E estão viciadas numa vida que não é a sua.

Subitamente, ocorre um crime inimaginável. Alguém conseguiu matar duas pessoas, matando os seus substitutos, quando a empresa que os fabrica afirmava que tal seria absolutamente impossível. Destruir um substituto nunca poria em risco a vida dos seus utilizadores. Bruce Willis é o inspector que vai investigar quem conseguiu cometer tal crime, como e porquê.

Este não é um vulgar filme de acção. As cenas de acção até são poucas e servem apenas para contar a história. O argumento explora a fragilidade do ser humano, as suas fraquezas, o que o leva a desejar ser perfeito e imune, a sua tendência para o vício... As personagens têm uma profundidade dramática superior ao que é habitual em filmes deste género. Superior até ao que vimos em "I, Robot". A personagem de Bruce Willis assenta-lhe que nem uma luva, aproveitando-se das dores da sua idade e da sua maturidade. É como um bom vinho (diz quem é apreciador). LOL

No entanto, é um filme com alguns buracos narrativos... Como é que é possível matar alguém com uma arma que "dispara" um vírus informático contra os substitutos. Percebo a parte em que o substituto morre. Mas não percebo como é que um vírus informático rebenta com o cérebro de uma pessoa. Além disso, os substitutos serem um sucesso tão grande como o filme tenta levar a crer, também não convence muita gente. É verdade que todos nós gostariamos de ter um para viver as mais loucas aventuras em total segurança. Mas poucos de nós teríamos dinheiro para pagar tal comodidade. Nem 90% da população tem dinheiro para um computador. Logo 90% da população ter um robot substituto parece um absurdo. E no filme eles deixam bem acente que os robots não eram de graça...

Contudo, tudo isto são apenas detalhes, num filme que explora uma ideia original e tem coragem de a tornar real. O cinema é uma forma de arte e esta não segue as regras do nosso mundo. Tem apenas como limite a nossa imaginação. E esta pode ir bem longe.

Desafio qualquer pessoa que não tenha medo de filosofar a ver este filme. Vamos todos dar corda aos neurónios e começar a pensar...

sábado, 28 de novembro de 2009

2012

Vi este filme no dia de estreia, mas nunca mais tive oportunidade de falar com ele aqui no "Joel Pear's Movies and Shits". Digamos que vida de finalista não é tão excitante como se diz e que também não é exactamente fácil... E trabalhar num hospital não é como o "Serviço de Urgências", "Anatomia de Grey" ou "House". Exceptuando no que diz respeito aos conflitos pessoais. As pessoas que lá trabalham andam tão sobrecarregadas de trabalho e stressadas que descarregam tudo em cima umas das outras, o que cria o efeito Bola de Neve, com gente a stressar-se ainda mais e a tomar anti-depressivos e a meter baixa para não ter que voltar àquele inferno durante umas semanas.
Continuando!
2012 não me desiludiu nada! Adorei este filme! Rolland Emmerich está de parabéns por ter feito um filme trepidante em que as personagens não se movem como peças de xadrez. É evidente que tudo está incrivelmente exagerado, mas olhem bem para a premiça: é o FIM DO MUNDO! Tem que ser algo em grande!
Existe uma ou outra personagem um tanto ou quanto caricatural (vejam os russos), mas o realizador e os actores conseguiram insuflar vida em todas aquelas pessoas de vários países que tentam salvar-se a todo o custo. John Cusack regressa num papel que lhe revitaliza a carreira, mostrando que continua um óptimo actor de comédia e consegue transportar às costas um filme de 200 milhões de euros. É ele que nos leva nesta espectacular viagem pelo Apocalipse (e viagem não é necessariamente uma metáfora) em que nos divertimos, rimos, agarramos as cadeiras, tentamos sobreviver com a todo o tipo de cataclismos avassaladores e mega-realistas, envolvemo-nos com as personagens, emocionamo-nos, assustamo-nos... um pouco de tudo. O filme tem todos os ingredientes.
Falando das outras personagens: quem esperava ver Amanda Peet interpretar uma personagem jovial e cómica, como nos habituou, desengane-se. Ela é o contraponto dramático de John Cusack, sendo a ex-mulher que teve que desistir do seu futuro para cuidar dos filhos, enquanto ele tentava ser um escritor de ficção-científica. Chiwetel Ejiofor revela-se um óptimo actor (sendo que tem aparecido sempre em papéis mais secundários do que principais até este filme) sendo o grande herói moral deste filme. É um cientista de valores, guiado pela razão e pelo conhecimento. Thandie Newton não tem aqui um papel interessante para meter no currículo, quando já interpretou personagens de enorme intensidade dramática na série "Serviço de Urgência" e no espectacular "Crash - Colisão". Na minha opinião, ambas as actrizes principais foram ligeiramente sub-aproveitadas. Mas é um prazer vê-las e elas também não se queixaram muito.
Danny Glover (Arma Mortífera, Ensaio sobre a Cegueira) é um presidente dos EUA convincente, com o peso de todas as decisões tomadas relativamente ao destino da humanidade a pesarem-lhe na consciência. É um excelente actor, num excelente papel, que poderia ser uma referência a Obama (que ainda não era presidente quando o filme estava a ser rodado). Mas continuo a preferir ver o Morgan Freeman a fazer o mesmo papel no meu adorado Impacto Profundo (o filme que me fez querer ser realizador de cinema, um dia...).
Finalmente, a personagem de Oliver Platt talvez fosse desnecessária, ou seja demasiado plana. É o mau da fita. Não nego que existam homens destes na realidade. Eles existem e não têm escrúpulos. Mas é um cliché num filme deste género. Podia ter sido evitado. Não fosse o facto de Chiwettel Ejiofor ser o seu oposto (com escrúpulos) seria de desejar que este lhe tivesse espetado uma murraça nas fuças. Ainda bem que não aconteceu. Isso, apesar de prazeroso para o público, seria um cliché ainda maior. E deixem-me falar-vos de Woody Harrelson! O homem é genial! Louco, alucinado, perfeito nesta personagem que quase nos faz chorar a rir e arrepiar perante as imagens apocalípticas que ele descreve e admira tanto como nós. Ele pode muito bem ter sido o melhor deste filme.
Não me vou prolongar em relação aos efeitos especiais. Estão muito próximos da perfeição. Nunca vimos no cinema desastres naturais tão realistas, gigantescos, horripilantes e avassaladores como neste 2012!
O argumento não é uma obra de arte, mas deixa que as personagens se desenvolvam, é bem ritmado e equilibrado, o que num filme com tantas personagens quase principais, é de louvar. Há-de haver também pessoas, como eu, que ansiavam por um filme em que finalmente houvesse a coragem para acabar com tudo e arrasar a humanidade da face do planeta. Será que o final deste filme as vai deixar satisfeitas? Não vou revelar pormenores. Eu fiquei bastante satisfeito. Há-de haver quem não fique. Seja como for, daqui a algum tempo é possível que estejamos todos a ver televisão, assistindo ao novo projecto do realizador: Uma sequela deste filme, possivelmente chamada 2013. Não será um filme, mas uma série. E eu estou ansioso por ver o que aconteceu pelo resto do planeta, com personagens de outros países, sobreviventes a tentar sobreviver ao Aftermath...
Respondendo a uma pergunta que eu coloquei neste blog há já bastante tempo: O fim do mundo será divertido? Sim. E vale a pena ver... numa sala de cinema, claro! Preparem-se para sair de lá com as pernas a tremer.

domingo, 8 de novembro de 2009

The Soloist - O Solista


O realizador britânico de "Atonement - Expiação" e de "Orgulho e Preconceito", Joe Wright, fez o seu primeiro filme americano e comprovou a sua qualidade e talento. O Solista não é uma obra-prima, mas foi uma óptima escolha para o realizador se transferir para Hollywood e um filme que sucede as anteriores obras deste artista com grande sensibilidade.

Esta é a história verídica de um jornalista, interpretado por Robert Downey Jr. (nomeado ao oscar por "Chaplin" e "Tempestade Tropical" e estrela do franchise "Iron Man") que se encontra perdido no marasmo de uma vida sem grande sentido e objectivos e do sem-abrigo esquizofrénico que ele encontra na rua, interpretado por Jamie Fox (vencedor do oscar por "Ray"). Este jornalista encontra neste sem-abrigo uma grande fonte de inspiração para o seu trabalho, acabando por conseguir encontrar um sentido para a sua vida ao tentar ajudá-lo, uma vez que aquele homem tinha um incrível talento para a música, apesar de apenas ter consigo um violoncelo partido.

Ambos os actores interpretam papeis riquíssimos e conseguem insuflar-lhes vida e dinamismo. A química entre eles é inegável, enquanto a relação entre eles se transforma em amizade.

Joe Wright conseguiu criar belíssimas sequências abstractas e subjectivas, em que tentou transmitir os sentimentos e sensações transmitidas pela música a quem a tocava e a quem a ouvia. Tentar transformar a música em imagens, sons em luz, é algo quase impossível, mas este realizou tentou fundir ambas as artes numa só ao longo de um filme que nos embala e faz viajar pelos nossos pensamentos e descobrir emoção nos sons que nos rodeiam no dia-a-dia.

Pode não ser um filme tão falado/conhecido como os outros dois filmes deste realizador, mas é excelente por mérito próprio. É uma espécie de ensaio que tenta derrubar os limites do cinema e do que este nos pode proporcionar. E aposto que vai ser nomeado (pelo menos) para o oscar de melhores efeitos sonoros e som.

Façam mais filmes destes, por favor! Esqueçam J.I. Joes e Transformers. Eu gosto de blockbusters, mas o cinema parece andar com tendência para resvalar para uma zona sombria com pouco gosto e consideração pela inteligência dos espectadores (ou talvez não). Aqui temos uma obra de arte que agrada público e crítica, com uma qualidade inegável, uma história que apesar de pouco original é real e única e merece ser vista por todos.

Distrito 9


Eis o filme mais estranho dos últimos anos. Um misto de falso documentário com filme de ficção-científica e acção. A premissa é uma das mais originais que assaltaram as nossas salas de cinema recentemente... ou então, não! Mas, seja como for, é inegável que conseguiu renovar e dar lustro a um tema recorrente no cinema e cada vez mais gasto: a invasão alienígena.
A abordagem é a mais improvável: fomos invadidos "sem querer". Porque a nave extraterrestre teve problemas, ficou parada sobre a cidade de Sarajevo e numa tentativa de os ajudar, criou-se na cidade um acampamento onde os alienígenas poderiam ficar a viver até que a nave estivesse em condições de regressarem ao planeta deles. Porém, passam-se 10 anos e nada feito. O acampamento transforma-se num bairro de lata onde a população alienígena já ascende aos milhões, onde existe prostituição, assaltos, homicídios, contrabando, toxicodependência (são viciados em comida de gatos...), todo o tipo de violência e tráfico de armas, as quais os humanos não conseguem usar, mas nas quais têm todo o interesse.
Há que encontrar uma solução, a qual consiste no deslocamento destes alienígenas para um outro acampamento fora da cidade, onde, supostamente, terão mais condições para viver... um pouco como quando os judeus foram forçados a sair daqueles guetos para irem para os campos de concentração. É então que algo acontece ao nosso protagonista (não vou desvendar), que é o homem responsável pelo realojamento destas criaturas semelhantes a gafanhotos gigantes, e o força a aliar-se aos extraterrestres (um deles em especial) para poder sobreviver, enquanto é perseguido pelo próprio governo que o quer sujeitar a experiências que terminarão inevitavelmente com a sua vida.
É pena este filme não optar apenas por uma das modalidades (ou filme ou falso documentário), uma vez que a partir de determinado ponto torna-se demasiado óbvio que já não está nenhum operador de câmara a acompanhar o protagonista nas sua luta pela própria vida. Todavia, tal é compensado por uma boa história, com um argumento razoável (não é muito intimista, mas é mais que suficiente para dar profundidade às personagens e prender o espectador) e um enorme realismo visual, bem servido com uma bela dose de gadgets esquisitos, óptimos efeitos especiais, alguma violência gratuita, humor q.b., e uma imagética poderosa que combina o high tech com os cenários africanos. É estranho vermos extraterrestres tão personificados, sendo que todos eles são diferentes entre si, em termos de visual, caracterização e vestuário, o que talvez diminua o receio relativamente a eles e os torne menos credíveis, ou talvez não... fica dependente da sensibilidade de cada um.
Por isso mesmo, este filme pode ser um dos maiores feitos deste ano, ou a maior fantochada, visto que tanto encontramos espectadores que se riem desalmadamente com falta de credibilidade de tudo, como aqueles que ficam alucinados ao depararem-se com imagens e ideias que nunca lhes passaram pela cabeça em toda a vida.
Eu próprio direi apenas que adorei a abordagem a temas como a discriminação, o racismo, a violência e os poderes ocultos do governo e da ciência militarizada.
Resta-me dizer que Peter Jackson, realizador de King Kong e da trilogia Senhor dos Anéis, que em breve nos presenteará com The Lovely Bones, teve olho quando descobriu o realizador deste filme, depois deste ter feito uma curta metragem que se pode encontrar no youtube que nos mostra o momento da chegada dos alienígenas e todo o conflito gerado. Distrito 9 é a continuação desta curta-metragem (que provavelmente poderemos ver quando sair em DVD) e é mais que óbvio que o filme terá outra sequela nos anos vindouros... Venha ela. A originalidade e criatividade deve ser sempre aplaudida. E este é o caso!

Fica aqui o endereço do site oficial: http://www.d-9.com/

domingo, 25 de outubro de 2009

Inglourious Basterds - Sacanas Sem Lei

Agora, vou-vos falar de uma agradável surpresa. Eu, que nunca fui o maior fã dos filmes de Tarantino, admito aqui, perante o mundo, que ele fez um filme que me conquistou por completo. Sacanas Sem Lei é o filme que todos queríamos ver sobre a Segunda Guerra Mundial. Um filme em que justiça é feita olho-por-olho e dente-por-dente. Um filme implacável que nos presenteia com um novo final para a mãe de todas as guerras. Um final em que os judeus vão à luta e se vingam de todas as atrocidades que lhes foram feitas. É uma comédia negra, um filme de acção, apesar do seu ritmo pausado e bastante regular (em oposição à maioria dos filmes de Tarantino), internacional e poliglota, que sabe usar factos reais em prol de uma ficção maior que a realidade.
Brad Pitt interpreta o líder dos Inglourious Basterds, o tenente Aldo Raine, tipicamente americano e sem um pingo de misericórdia. Os Basterds têm por missão aterrorizar o Terceiro Reich, matando e mutilando o maior número de Nazis possível e tentar acabar com aquela guerra. Neste grupo está presente o Bear Jew, o aterrorizante judeu assassino de nazis, interpretado por Eli Roth (realizador dos filmes "Hostel"), um ex-soldado nazi que assassinou outros nazis, entre tantos outros homens duros e homicidas.

No extremo oposto temos o Coronel Hans Landa, interpretado pelo espectacular Christoph Waltz, que tem um faro apurado para detectar judeus escondidos. É sem dúvida a maior revelação deste ano, um actor raro e incrivelmente cómico, vencedor da Palma de Ouro para melhor actor.

Finalmente, temos a deliciosa Diane Kruger como Bridget von Hammersmark, uma actriz alemã que decide ajudar os americanos a eliminar Hitler, e a brilhante Mélanie Laurent como Shosanna Dreyfus, uma jovem dona de um cinema parisiense, em que o climax final do filme se desenrola. Esta personagem, muito bem interpretada, dá uma aura trágica e romântica ao filme, transformando-se numa verdadeira femme fatale sedenta de vingança.

Todas as personagens são cruciais no desenrolar da história, todos os pormenores e diálogos têm importância e todas as imagens do filme foram conseguidas na perfeição. Mais uma vez, como em todos os filmes de Tarantino, a banda sonora tem também um papel muito importante. Curvo-me perante os pés de Tarantino que, na minha opinião, provou com este filme que é um verdadeiro artista e assinou aqui a sua obra de arte. Magistral!

Deixo-vos o link para o trailer e uma entrevista entre os principais actores e Tarantino.



Taking Woodstock + Arena

Bem, pessoal, admito que nas últimas semanas não tenho escrito muito neste blog, mas nem por isso deixei de ir ao cinema.

Taking Woodstock foi, sem dúvida, um dos melhores filmes que vi este ano e, talvez, um dos que mais prazer me deu ver nos últimos anos. O mesmo não posso dizer da curta-metragem portuguesa, de seu nome "Arena", que é projectada antes do filme.

"Arena" é a tão badalada curta-metragem portuguesa que venceu a Palma de Ouro no festival de Cannes deste ano. Trata-se de uma história sobre um tipo que está em prisão domiciliária, em que, para quem não sabe, é o criminoso tem uma pulseira electrónica no pé e não pode sair de casa, caso contrário a políca é alertada da fuga. Ora este tipo tem contas a acertar com uns miúdos marginais que vivem no seu bairro e que numa cena "extremamente violenta" o agridem "brutalmente". Espero que a ironia da minha adjectivação tenha ficado bem realçada através do uso das aspas. LOL. Porquê ironia? Porque o filme, apesar das suas boas intenções (retratar a violência nos bairros sociais lisboetas, e a forma como tudo começa na infância) é uma treta! Desnecessariamente contemplativo, é um filme que se perde em imagens sem significado ou qualquer interesse. E o final é completamente anti-climático, algo que nalguns filmes é fantástico, mas neste é... uma treta! Puro preciosismo artístico que nem interessa ao menino Jesus! O filme pretendia ser realista. Não É! Pretendia ser artístico! Não É! É longo apesar da sua duração, não conta história nenhuma, tem interpretações medíocres e não convence ninguém! Eu já vi um retrato mais convincente da violência na Feira da Ladra! É um filme tipicamente português que não acrescenta nada de novo ao cinema nacional.

Vamos esquecer este desastre e passar a um filme verdadeiramente Bom!

"Taking Woodstock", nomeado para a Palma de Ouro de melhor filme, é baseado na história verídica de Elliot Tiber, um homem que vivia com os seus pais e tentava que o motel deles não fosse hipotecado, que convidou os organizadores do Festival de Woodstock a fazerem o concerto na terra dele e como tal foi uma das peças fulcrais na realização do supra-sumo de todos os festivais, no quente verão de 1969. Esta é uma comédia em que o festival de música não é o mais importante, mas o desenvolvimento de todas aquelas personagens que estavam aprisionadas a vidas vazias e sem sentido e que naquele curtíssimo período de tempo se redescobriram umas às outras e a si próprias. O protagonista, perfeitamente interpretado por Demetri Martin, é um jovem designer que desistiu dos seus sonhos para apoiar os pais, pensando que eles nunca sobreviverão sem eles, sendo também um homossexual não assumido. Imelda Staunton (vencedora de oscar por "Vera Drake") é a mãe implacável, com quem ninguém se quer meter, uma personagem incrível interpretada pela actriz perfeita. O pai é um pobre homem que durante o festival vai recuperando a vitalidade e a vontade de viver, além de finalmente voltar a reforçar os laços paternais com o filho. Quero ainda apontar o incrível Liev Schreiber ("The Manchurian Candidate" e "Wolverine"), que é a grande surpresa do filme, interpretando Vilma, um veterano travesti. E os actores secundários completam um elenco fresco e brilhante, desde Eugene Levy ("American Pie"), a Emile Hirsch ("Into the Wild") e Paul Dano ("Little Miss Sunshine" e "There Will Be Blood").

Ang Lee (realizador de "Brockeback Mountain", "O Tigre e o Dragão", "Sensibilidade e Bom Senso, "Hulk"...) fez um dos seus melhores filmes, comprovando que é um dos maiores realizadores da actualidade. Um filme cheio de Paz, Amor, Música e todos aqueles valores "hippies" que tanta gente não soube entender.

Um filme imperdível. Deixo-vos aqui o link para verem o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=TlLD_7k68BM

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ABC da Sedução - The Ugly Truth


Já vi este filme há duas semanas, mas nunca mais me lembrei de falar dele neste blog.

Confirmo o que muitas pessoas dizem: O filme é de chorar a rir. Mais nada.

Comparando com outras comédias deste ano, A Ressaca ou A Proposta são filmes muito melhores (a meu ver). Este ABC da Sedução vale pela química sexual entre os dois protagonistas, a lindíssima Katherine Heigl (Knocked Up - Um Azar do Caraças, 27 Dresses, Anatomia de Grey) e o hilariante Gerard Butler (P.S. I Love You, 300, Fantasma da Ópera, Lara Croft...).

Ele é um tipo que faz um programa de televisão a dar conselhos sobre engate e sedução e ela é a rígida produtora do seu novo programa. Inicialmentemente incompatíveis, a relação entre eles vai-se desenvolvendo, conforme ele lhe vai dando conselhos para a ajudar a conquistar um médico por quem ela se sente atraída. O história é básica e óbvia e este filme vale mesmo a pena ver apenas por causa dos hilariantes episódios por que os dois protagonistas passam. Se eu contasse o final do filme a alguém, ninguém ficava zangado por isso, porque já todos sabem como é que acaba antes do filme começar. É um filme para rir e pensar pouco. Pode ser útil para alguém (especialmente mulheres) que precisem de conselhos acerca de sedução, mas aprende-se tanto a ver isto como a ver o Virgem aos 40.

O argumento podia ter sido escrito com o portátil ao colo numa viagem de comboio Lisboa-Porto (umas três horas deve chegar) e a realização foi feita por alguém que nem tem muito jeito para a coisa. A câmara parece devorar os actores, quase encostada às caras deles e nem souberam fazer uma cena de dança sem que parecesse repetitiva e desinteressante (foi apenas o pretexto para eles os dois se sentirem atraídos mutuamente). Até Katherine Heigl, apesar de ser hilariante, faz uma representação bué exagerada. Gerard Butler é que parece mais descontraído com um papel que lhe acenta como uma luva. E o médico, interpretado pelo desconhecido Eric Winter, pode ser o homem de sonho de muita gaja por aí, mas é mau actor e não tem pinga de carisma.

Sobram umas determinadas cuecas e um jogo de basebol para as melhores cenas e uns actores secundários eficientes. De resto, desculpem-me lá a crítica chunga, mas é só para não destoar.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Great Expectations - 2012

Bem, pessoal... Após este filme ter sido adiado para este Novembro, eis que vos mostro mais um trailer deste filme. Bom ou mau, eu vou vê-lo, nem que seja por puro guilty pleasure. Mostrem-me um filme em que a Terra é destruída ou a humanidade está à beira da extinção e eu vou a correr todo pimpão até ao cinema. Porém, como não consigo fazer o upload do trailer, deixo-vos um link no youtube para visitarem: http://www.youtube.com/watch?v=Hz86TsGx3fc
Além deste novo trailer, mostro também uma cena exclusiva (que apenas está na net há três dias, segundo me consta, pelo que este é um dos primeiros blogs a fazer a proeza de vos mostrar um bocadinho do filme. Talvez, até seja o primeiro blog português a fazê-lo!). Esta cena demora cinco minutos e tem muitos pedaços cortados, não mostrando a sequência inteira, mas apenas algumas das partes dessa cena que nos deixarão a criar mais água na boca.Já todos sabemos que a história não há-de ser nada de original (O Mundo Vai Acabar! Temos que Salvar Alguns! The End!), mas os actores são dos meus preferidos (John Cusack, Amanda Peet e Woody Harrelson), o realizador é razoavelmente competente (quando não se espalha ao comprido) e os efeitos especiais são dos melhores que há. É perfeito para nos divertirmos durante duas horas.


Aproveito também para partilhar um filme espectacular dos anos 50, chamado When Worlds Collide. Quase aposto que ambos os filmes devem ter muitas parecenças, e como este é um fóssil muito engraçadinho dos anos dourados de Hollywood, deixo aqui o link no youtube (mais uma vez) para quem quiser ver o filme dividido em 9 partes. Atenção! Eu não apoio a pirataria, mas a verdade é que este filme é tão velho que não se encontra o DVD em nenhum país europeu.When Worlds Collide: http://www.youtube.com/watch?v=gPWI9CCdZlY&feature=related

Great Expectations - Shutter Island


Fica aqui o novo trailer deste antecipado filme de Martin Scorsese, a quarta colaboração deste realizador com Leonardo DiCaprio, depois de The Departed - Entre Inimigos (vencedor dos oscares de melhor filme e realizador), O Aviador e Gangs de Nova Iorque.
Para aumentar a comichão, foi adiado deste mês de Outubro (como se pode ver no poster) para Fevereiro de 2010. Aguardemos até lá e fiquemos com estas imagens.

Visitem o site oficial em: http://www.shutterisland.com/

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Public Enemies - Inimigos Públicos


Ora bem, este foi o último filme que eu vi.

Trata-se da história verídica de um dos maiores assaltantes de bancos da história dos EUA, durante a grande crise económica dos anos 30. Não vou entrar em detalhes, porque não me apetece. Quem estiver interessado, tem que ir ver o filme e pronto.

O elenco é excelente. Johnny Depp tem aqui um óptimo papel, com grande contenção de emoções, uma certa frieza que era necessária para um homem daqueles sobreviver. A história desta personagem é impressionante e foi-lhe feita justiça. Não sei se vai ter nomeação para oscar, acho que sim. Quanto a ganhar... Não é que não mereça, mas acho que ainda não é desta.

Christian Bale está excelente, não descorando qualquer pormenor. Muito meticuloso, tal como o detective que ele interpreta, e até consegue um sotaque sulista que acenta muito bem.

Agora... O melhor do filme! Tararara: Marion Cotillard! Ela prova neste filme que mereceu o oscar que lhe deram pelo filme La Vie en Rose, em que interpreta Edit Piaf magistralmente. Por favor, deem-lhe uma nomeação para melhor secundária por este filme. Como por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher, Cotillard interpreta uma mulher sexy, forte, com quem a vida nunca foi justa e consegue enfrentar tudo de frente, independentemente do quanto ela sofre (tanto física como emocionalmente).

Finalmente, uma palavrinha para o realizador Michael Mann (Heat-Cidade sob Pressão, Collateral, Miami Vice), que mais uma vez faz um óptimo filme de acção e dá uma grande atenção à história e às personagens, mas a forma como tudo foi filmado... Ora bem, ele escolheu filmar com câmaras digitais podia ser uma escolha acertada, tendo em conta a frieza com que a câmara capta tudo. Mas a verdade é que neste filme foi terrível porque a imagem fica desfocada em certas cenas em que a câmara se movimenta mais (ou abana mais), é difícil reconhecer os actores e a qualidade dos cenários e de toda a reconstrução daquela época é desbaratada.

Enfim... Independentemente disso, o filme não deixa de ser muito bom. Óptimo guião e óptimos actores.

Ice Age 3: Dawn of the Dinosaurs


Oi Pessoal!
Bem, cometi o erro de ver este filme na versão portuguesa e sem a tecnologia 3D. Já me tinham dito que este era o melhor dos 3 filmes, mas permitam-me descordar. Não bate o primeiro filme.

O que é que eu posso dizer? A história é girinha... Como os dois mamutes vão ter crias e o tigre-dente-de-sabre quer retornar às origens e voltar a ser um senhor da sua juba, o preguiça vê-se abandonado e ignorado (como habitualmente) e decide constituir a sua própria família, adoptando uns ovos que encontra numa gruta. Acontece que os ovos pertencem a uma mamã saura, a qual vive com outros dinossauros num mundo subterrâneo para o qual essa gruta dá acesso.

E pronto! A premissa é girinha e é tudo girinho, como os cachopos gostam.

Agora a sério... Podiam ter-se esforçado um pouco mais por escrever um guião melhorzinho. Parece que só a Pixar é que se esforça por agradar aos adultos (mesmo que o Up tenha sido mais infantil que o habitual). Como nos outros filmes, a estrela é uma personagem secundária que só aparece esporadicamente - o esquilo! É sem dúvida o melhor do filme. E a surpresa vai para o preguiça que é muito mais engraçado que nos outros filmes, sendo que a cena em que ele encontra os ovos e os rouba é genial e a melhor cena do filme. Depois há umas cenas com a mamã dinossaura que também são engraçadas, uns peidos e umas piadas depois de snifar hélio e até uma referência ao Virgem aos 40... e uma cena que podem ver no trailer que é hilariante, embora eu ache incrivel eles terem tido permissão para a meterem num filme para crianças: Ainda bem!

Perfeito para levar os filhos, os sobrinhos, os primos ou irmãos mais novos. Eles vão-se divertir durante uma hora e meia e é um espectáculo agradável que quando não nos enche de sono nos faz soltar alguns risos. É tudo. Enjoy.

Aqui fica o site: http://www.iceagemovie.com/

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Up - Altamente!


Bem, agora vou falar de uma outra comédia que nada tem a ver com a anterior (valha-nos Deus!).

Novamente, a Pixar deslumbrou o mundo inteiro com um dos melhores filmes do ano. Esta é uma maravilhosa fábula sobre a perenidade da vida e sobre saber aproveitá-la. Esta é a história de Carl Fredrickson e do seu amor pela esposa Ellie. Duas almas gémeas que se conheceram em crianças e que após uma vida inteira em que ansiavam viver ambos uma verdadeira aventura pela América do Sul, se apercebem que a vida passou e nunca concretizaram o seu sonho. É a história do pequeno Russel que tenta ser um escuteiro aventureiro na cidade de Nova Iorque, tentando obter a atenção do pai. Quando Carl, após perder a mulher e ficar a viver sozinho no seu lar cheio das recordações de Ellie, é forçado a ir para um lar de idosos, arranja uma forma engenhosa de escapar ao destino e viver finalmente a aventura da sua vida. Atando balões à sua casa, esta começa a voar e viaja rumo à América do Sul, sem se aperceber que arrastou consigo o pequeno Russel para uma enorme aventura.

Esta história talvez seja um pouco mais infantil que outras a que a Pixar já nos habituou, como À Procura de Nemo, Wall-e e The Incredibles: Os Super Heróis; mas não deixa de agradar aos mais graúdos, sendo que todos se identificam com o tema da história, as personagens são supercarismáticas e é fácil deixarmo-nos contagiar pela atmosfera da história. Penso que, tendo em conta a ingenuidade e fantasia do filme, a escolha de Pete Docter para a realização foi sem dúvida a mais acertada, que também realizou o excelente Monstros e Companhia.

Mais uma vez fomos prendados com um filme perfeito a vários níveis, técnico e artístico, com uma torrente de diversão, acção e comédia para todas as idades. Quem puder, vá vê-lo em 3D porque as imagens são espectaculares.

Fica aqui o link para os mais curiosos: http://www.apple.com/trailers/disney/up/

Bruno


Olá Pessoal!

Estive um bocado ausente, mas nem por isso deixei de ir ao cinema.

Hoje, vou falar do Bruno e vou já responder a algumas dúvidas de muita gente:

- O Borat é melhor!

- Sim, o filme segue a mesma fórmula que o Borat.

Assim sendo, Bruno é um repórter de moda que se quer tornar o segundo austríaco mais conhecido do mundo... a seguir a Hitler.

Desta forma, este é um filme que destila todas as excêntricidades e clichés atribuidos aos gays, sem ter qualquer medo de chocar os espectadores do princípio ao fim, com cenas de sexo homossexual mais ou menos explícitas, imagens fálicas, nus e enterra o dedo bem fundo no que diz respeito a preconceitos.

A ideia em si é genial. Bruno goza com todos. Homossexuais, celebridades, políticos, terroristas e todos os homofóbicos. E ninguém sai do filme indiferente. O mais fácil é sair agoniado, revoltado ou com vontade de vomitar. No cinema vi todo o tipo de reacções, desde os que se riram até chorarem, até aos que gritavam e aos que olhavam para o relógio com vontade de sair.

Onde é que este filme tropeça e cai, tornando-se inferior ao anterior filme de Sacha Baron Cohen? Na concretização da ideia. O filme é uma sucessão de sketchs humorísticos, decadentes e chocantes com um ritmo altamente irregular e um sentido de humor umas vezes melhores que outras. O argumento não tem grande conexão e nenhuma lógica. Depois de receberem uma nomeação ao oscar de melhor argumento quando fizeram o Borat, era de esperar que tentassem continuar o bom trabalho, mas o único motor deste filme é a busca da fama por este personagem, que faz as coisas mais depravadas e ordinárias para o conseguir. Ponto! A diferença entre este filme e ver Jackass é mínima.

De resto, tenho a glorificar a representação de Sacha Baron Cohen, por um papel que merecia tanto receber uma nomeação ao oscar como Robert Downey Jr pelo papel dele em Tempestade Tropical. Encarnou a personagem de forma surpreendente e horripilante, submeteu-se às mais incríveis atrocidades e até a perigos que mais nenhum actor se submeteria. Claro que a diferença entre ele e os outros actores é que foi ele a criar a personagem e a crer fazer este filme.

Cohen foi louco o suficiente para entrevistar um muçulmano suspeito de terrorismo, Ayman Abu Aita (e já recebeu ameaças da respectiva organização terrorista a que esse homem supostamente pertenceria), para envergonhar o candidato republicano à presidência dos EUA em 2008 e congressista do Texas: Ron Paul; o magnata Donald Trump, Harrison Ford, uma plateia de afro-americanos, interromper as filmagens da série Medium ou um desfile de moda em Milão...

Este é um filme não aconselhável a conservadores, mentes fechadas ou doentes cardíacos. Os que estiverem preparados psicologicamente, poderão passar duas horas hilariantes no cinema.

Fica aqui o link para quem quiser ver o trailer ou um clip do filme:

sábado, 1 de agosto de 2009

Taken - Busca Implacável


Olá Pessoal!

Sei que o filme já passou há imenso tempo pelas salas de cinema, porém, como a máquina de promoção em Portugal é uma coisa surpreendente e os títulos ainda melhores, quando o filme esteve no cinema, nunca me apercebi que o Busca Implacável, um título que faz relembrar um filme mais ao estilo Van Damme ou Stallone... ou até mesmo Schwarzenneger, era o mesmo Taken, protagonizado pelo fabuloso Liam Neeson por que eu estava à espera desde que vira o trailer. Tristeza...

Continuando. Este é um delicioso filme que comprova que a insdústria cinematográfica francesa está à altura de rivalizar com muitos dos filmes Hollywoodescos produzidos nos últimos anos. Algo que se pôde verificar quando este espectacular filme estreou nos EUA e ficou no topo do box-office, tornando-se um dos maiores sucessos do ano.

Liam Neeson, nomeado para o oscar de melhor actor pela Lista de Schindler e para o Globo de Ouro por Kinsey, ambos fantásticos papéis, interpreta neste filme Bryan Mills, um espião reformado que se tenta reaproximar da filha de 17 anos, a bela Maggie Grace que já vimos na série Lost. Esta, após o seu aniversário, pede-lhe que ele a autorize a fazer uma viagem para Paris com uma amiga, e este, pressionado pela ex-mulher, Famke Janssen (X-Men, Hide and Seek), e tentando que a filha não se afaste ainda mais dele, autoriza-a. Ela faz a viagem, mas algo corre mal e, enquanto está ao telemóvel com o pai, apercebe-se de que um grupo de homens está a entrar em casa e a querem raptar a ela e à amiga. Bryan tem 96 horas para partir para Paris e encontrar a filha, antes que esta desapareça para sempre, vendida por uma máfia de leste, que faz tráfico de mulheres.

É sem dúvida um dos filmes com mais suspense e acção que eu já vi. Liam Neeson interpreta na perfeição um homem amargurado, com o peso da idade sobre os ombros, que não olha a meios para recuperar a filha. Duro, implacável (como o ranhoso título português) e sem complacência, vai descobrindo as várias artérias desta organização ilegal na escura e fria Paris. É um filme brutal que desmascara a dura realidade do tráfico de mulheres, que é tão ignorado e está tão presente por todo o mundo. O guião é muito consistente, não enchendo o filme com diálogos desnecessários sobre os sentimentos ou as relações das personagens, sendo isso demonstrado na perfeição pela performance dos actores e pela cadeia de acontecimentos e reacções destes, nem com cenas em que as personagens reflectem sobre o tema, pois essa é a função do espectador, que pode muito bem pensar por si próprio e chegar às conclusões óbvias. Trata-se de um argumento vai directo ao ponto da questão e não tem medo de meter os dedos nas feridas. Por esta razão, os meus parabéns a Luc Besson, realizador do Quinto Elemento (com Bruce Willis e Milla Jockovich) e de Artur e os Minimeus, por ser resp. A realização deve-se a Pierre Morel, sendo este apenas o seu segundo filme. Conseguiu cozinhar um filme com uma crueza que ainda foi mais acentuada pelo uso da câmara digital, que torna as imagens tão frias como a própria cidade.

Fantástico tema, fantástico filme, fantástico actor.
Fica aqui o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=CvUxdQ4q-Lg

Aproveito para relembrar a morte da esposa de Liam Neeson, no início deste ano, Natasha Richardson, também ela uma actriz de grande talento. A sua trágica morte resultou de um acidente enquanto praticava ski, nas suas férias em familia. Ao bater com a cabeça numa rocha, teve uma hemorragia intracraniana, que culminou na sua morte, poucas horas depois.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

The Proposal - A Proposta


Olá Pessoal!

Sandra Bullock está de volta e só me apercebi das saudades que tinha dela ao ver este filme.

Esta maravilhosa actriz e Ryan Reynolds são os protagonistas desta comédia romântica. Ela é Margaret Tate, uma editora literária, autoritária e rigorosa, que amedronta e assombra todos os que trabalham para ela. Ele é Andrew Paxton, o assistente submisso que miseravelmente obedece a todas as ordens da chefe. Quando o emprego desta é ameaçado, devido a irregularidades no seu visto que podem levar ao seu despedimento e a ser extraditada para o Canadá, Margaret força o seu assistente a casar-se com ela.

Anne Fletcher fez um filme que se poderia perder no imenso oceano das comédias românticas que são feitos todos os anos. Porém, assim como fez com "27 dresses", protagonizado pela apaixonante Katherine Heigl, conseguiu dar-lhe um sopro de vitalidade, apostando na versatilidade e carisma das personagens, que são o verdadeiro tesouro deste filme.

As situações caricatas são mais que muitas, inumeras peripécias e a química sexual é intoxicante. As gargalhadas enchem a sala de cinema, conforme o envolvimento do público com as personagens cresce. Esta não é a história romântica típica, pecando apenas por cair em alguns clichés obvios do género no final do filme, mas consegue sempre dar a volta à situação introduzindo uns twists geniais e mais umas gargalhadas.

Destaque para um lindíssimo cão e para Betty White, uma velhota que ainda aí está para as curvas. Ambos protagonizam os momentos mais hilariantes desta fita. Há ainda um mexicano cuja personagem acho um pouco exagerada, mas não deixa de ser divertido.

Bom filme para descontrair e desanuviar, rindo a bom rir, com amigos ou com a pessoa de quem mais gostamos.

The Hangover - A Ressaca


Olá Pessoal!

Lamento imenso a minha ausência, mas tenho andado demasiado ocupado a passar de ano e a fazer a minha mais recente curta-metragem, sobre a qual irei falar em breve.

Ora bem... Aqui está a comédia que, quando a vemos, nos faz perguntar por que é que nunca tinha sido feita antes. A premissa é muito simples e por demais conhecida: Um grupo de amigos vai para Las Vegas festejar a despedida de solteiro de um deles. No dia seguinte, acordam sem se conseguirem lembrar do que se passou no dia anterior, e não encontram o noivo em lado nenhum, não podendo regressar para o casamento sem ele.

O filme é uma longa gargalhada do princípio ao fim, escapando aos clichés do género não mostrando as loucuras pelo que o grupo passou, mas as consequências dos seus actos desnorteados na noite anterior. É uma deliciosa história politicamente incorrecta, em que as piadas se sucedem a um ritmo vertiginoso e constante, as surpresas e as personagens mais irracionais vão surgindo e abrilhantando um filme que nos apetece ver e rever, para tentar encontrar todas as pistas que explicam o que eles fizeram na noite anterior (nem vos passa pela cabeça). As personagens são alucinadas e hilariantes, sofrendo e insistindo em resolver os mais diversos problemas. Quero ainda destacar a presença de um bebé, um tigre e uma galinha (a qual nunca se sabe de onde veio), Ken Jeong que já tinhamos visto em "Knocked Up - Um Azar do Caraças" (cuja personagem está demasiado exagerada) , Mike Tyson (brilhante) e Heather Graham que anda perdida em filmes que só lhe dão atenção pela beleza física... mas sejamos sinceros... será que ela tem talento para mais do que isso? Os protagonistas são Bradley Cooper, Ed Helms, Justin Bartha e um delirante Zach Galifianakis, talvez o melhor do filme.

Apenas lamento que a produção não tenha gasto mais um milhão ou dois a limar as arestas e a abrilhantar um filme que é quase perfeito, embora talvez seja mesmo esse estilo rafeiro que o torne especial. Quem escreveu o guião também devia ter tentado explicar um outro pormenor a que se deu pouca atenção. De realçar que grande parte dos diálogos foram improvisados, o que por um lado proporciona um elevado grau de espontaneidade e credibilidade às personagens e por outro pode explicar a existência dessas pontas soltas... No entanto, isso não interfere com nada, porque eles de facto não se lembram de nada daquela noite e quem já passou pela experiência sabe que não havendo testemunhas, há coisas que ficarão para sempre sem explicação. LOL.

É um filme para ver sóbrio ou ébrio, após uma boa tarde de praia, rodeado pelos melhores amigos e... quem sabe, antes de uma noite de regabofe. Esperemos apenas que ninguém os tenha como inspiração e repita os seus feitos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Harry Potter and The Half-Blood Prince


Olá Pessoal!

Quando vi no cinema, há dois anos, o quinto capítulo desta saga, fiquei com a sensação de que, apesar de gostar do filme, faltava lá muita coisa e que David Yates era só um fabricante de cinema espectáculo que não estava à altura do que os filmes necessitavam para tornar realidade o que as aventuras de J. K. Rowlling têm de melhor. Era só um filme com muitos efeitos especiais e uma boa diversão de verão. Nada mais.

Ontem, fui surpreendido ao ver Harry Potter e o Príncipe Misterioso, realizado novamente por David Yates. Um filme de uma qualidade superior à de todos os seus predecessores, a vários níveis.

Os efeitos especiais, surpreendentes, não são o principal desta fita. Servem o filme e não o contrário. A genialidade de J. K. Rowlling, que nesta aventura conseguiu reunir elementos das histórias anteriores que nunca pensámos que tivessem relevância para o desenvolver dos acontecimentos futuros nesta intriga, foi dignificada com um filme que lhe faz justiça.

Os actores estão em topo de forma. Notamos que todos eles têm evoluido ao longo desta série de filmes e estão cada vez mais competentes. Vivem aquelas personagens, com uma confiança notável, demonstrando todo um enorme rol de emoções, desde a paixão, à tristeza, passando pelo amadurecer, enquanto passa pela trágica viagem pela adolescência até se tornarem adultos.

É uma história que, apesar de estar coberta por uma atmosfera sombria, correspondente ao aumento dos poderes de Voldemort e da ameaça que este representa para todos, tem muitos mais momentos humorísticos que os anteriores. Em oposição, é um filme mais assustador que muitos dos filmes de terror dos últimos tempos. Esta é também uma viagem pelos erros que cometemos na juventude, desde as paixões não correspondidas, aos namoros errados e a todas as tragédias por que os adolescentes passam.

Daniel Radcliffe está inegavelmente perfeito como Harry Potter. Rebelde, revoltado e um pouco solitário, como nos filmes anteriores, mas muito mais humano, com espaço para as brincadeiras infantis que os rapazes têm na escola, para se apaixonar verdadeiramente por alguém, para aprender a viver, com os amigos e alguns dos professores, tomando decisões e cometendo alguns erros. Emma Watson e Rupert Grint (Hermione e Ron) são os amigos que nos completam e sem os quais não superariamos as adversidades, tendo um peso cada vez mais importante na história. O Professor Dumbledore, representado na perfeição por Michael Gambon, é o professor que todos gostariamos de ter (e raramente temos), sendo um amigo e um conselheiro, sem nunca perder o respeito dos seus alunos. Horace Slughorn, representado por Jim Broadbent, é uma nova personagem na história, sendo uma adição divertida e crucial na história. Tom Felton, como Draco Malfoy, já não nos é apresentado como o menino rico mimado, mas como alguém profundamente perturbado e negro. Helena Bonham-Carter (como eu a adoro) participa muito mais neste filme, sendo contagiante a sua malvadez. Finalmente, Bonnie Wright, como Ginny Weasley, que nos filmes anteriores quase não tinha importância, faz-nos aqui perceber por que é que Harry se apaixona por ela, desenvolvendo uma personalidade mais decidida e carismática.

Este filme é um sucesso a todos os níveis. Queixa-se quem leu o livro que faltam algumas sequências mais ou menos importantes, mas dizem também que esta é a melhor adaptação dos livros de J. K. Rowlling até agora. Há também episódios que não existiam no livro, assim como algumas subtilezas e pormenores que elevam esta aventura à estratosfera.

Vou ler este e o próximo livro avidamente, aguardando pelo próximo filme (o último livro será dividido em dois filmes) que estreará daqui a 18 meses. Uma verdadeira surpresa para mim, uma vez que esperava sair da sala de cinema (esgotada) com um sabor agridoce na boca, quando afinal saí de lá maravilhado.

O melhor filme que vi este verão. (Até agora)


Ficam aqui duas cenas inéditas do filme:

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Psycho - Um Ensaio Sobre a Loucura

Olá Pessoal!

Já alguma vez se sentiram seguidos num beco escuro? Alguma vez se sentiram desconfortáveis quando alguém não tira os olhos de cima de vocês? Já se depararam com um rasto de sangue no passeio? E com sapos mortos e vestígios de voodo à porta de vossa casa? Este ensaio não é aconselhável para quem já passou por estas situações... Muito menos para quem desenvolveu algum tipo de pânico ou medrosos crónicos. E não esqueçamos os próprios psicopatas... Este é um ensaio para quem está interessado em ver filmes de perder a cabeça.
Psycho (de Alfred Hitchcock) - 1960
Este é um filme sobre aquele tipo de psicopatas em que a gente nota que há algo de estranho com aquela pessoa, mas não fazemos a menor ideia do que é. Norman Bates, interpretado por Anthony Perkins, era filho de uma mãe autoritária e manipuladora. Desta relação edipiana, Norman cresceu como um rapaz introvertido e demasiado rígido e tímido... Aparentemente, "incapaz de matar uma mosca". Pois... "ele" podia ser incapaz de tal coisa, mas o mesmo não se podia dizer da sua inválida mãe. Norman tornou-se esquizofrénico após a morte da mãe e esta sua personalidade maternal assegurou-se de que o filho lhe seria sempre fiel, tomando conta do seu motel, e matando qualquer rapariga que pudesse demonstrar o menor interesse pelo filho. O segredo de Hitchcock para o segredo deste filme? Fazer com que tivéssemos pena do pobre rapaz, de tal forma que nunca imaginariamos que este fosse um psicopata... e assassinasse a bela Janet Leigh durante o duche, nomeada para o oscar de melhor actriz secundária, assim como o realizador. Gus Van Sant fez também um remake deste filme, algo desnecessário.
Silence of the Lambs (de Jonathan Demme) - 1991/Hannibal (de Ridley Scott) - 2001/Dragão Vermelho (de Brett Ratner) - 2002
Hannibal - The Cannibal! Hannibal Lecter, psiquiatra brilhante, com uma inteligência superior, era afinal um canibal que comia quem não "merecia" habitar este planeta. Não precisa de apresentações. Talvez o psicopata mais famoso do mundo. Perto deste senhor, não se arrisquem a não ser algo menos que perfeitos. A mediocridade pode ser o vosso bilhete de morte. Este é um psicopata apaixonante, tal é o seu carisma, génio e ironia. Valeu um bem merecido oscar a Anthony Hopkins (no primeiro filme) e um ordenado chorudo por cada filme. Só a platónica relação que manteve com Clarice fez com que a respeitasse e ajudasse a apanhar outros assassinos enquanto preso na sua prisão de alta segurança. Esta investigadora do FBI, pela sua coragem e inteligência, era o perfeito objecto de desejo. Interpretada por Jodie Foster (que também ganhou um oscar) no Silêncio dos Inocentes e por Julliane Moore em Hannibal. Se alguma vez forem convidados para jantar com alguém assim, certifiquem-se que só aceitam se vos garantirem que não fazem parte da ementa.
Misery (de Rob Reiner) - 1990
Pensem duas vezes antes de se tornarem famosos. Nunca saberão até onde pode ir a loucura de uma das vossas fãs! Paul Sheldon, interpretado por James Caan, é um escritor que se tornou famoso devido a uma das suas personagens: Misery Chastain, uma heroína do século XX que sobrevive a diversas aventuras, romances e dramas pessoais. Um dia, farto de escrever sempre sobre uma personagem que nunca o cativou, decide matar a dita personagem. Livre dela, escreve finalmente a sua obra-prima num refúgio nas montanhas, e enquanto regressa a Nova Iorque, para o poder publicar, tem um acidente. Acontece que a sua fã#1 o encontra e resgata-o, antes de morrer dos ferimentos e do frio no meio da neve. Leva-o para sua casa, trata-o e alimenta-o, mantendo-o refém até que o seu escritor preferido resuscite Misery, escrevendo um novo livro só para ela. Kathy Bates ganhou o oscar de melhor actriz por este papel, tornando-se famosa com esta mulher perturbada, isolada nas montanhas, de trato difícil e com possíveis abusos em criança. O filme capta muito bem o tom do livro de Stephen King. Todavia, como leitor, tenho que afirmar que o livro é uma alucinante aventura pelo obscuro mundo do desespero, loucura e sofrimento...
Sir Arthur Connan Doyle também foi ameaçado de morte quando decidiu que Sherlock Holmes morreria no seu último livro. Déjà Vu?
Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street (de Tim Burton) - 2007
Não confiem em quem sabe manejar melhor lâminas do que vocês. Benjamin Barker (Johnny Depp), movido pela vingança, depois de ter perdido mulher e filha e ser exilado de Londres, por causa do juiz Turpin (Alan Rickman), sem escrúpulos, regressa à grande cidade com uma insaciável sede sanguinária. A conselho de Mrs. Lovett (Helena Bonham Carter), que tem falta de clientela, decide adiar um pouco a sua vingança e ir treinando a arte da degolação nos seus clientes e outros inimigos (como o hilariante Sacha Baron Cohen). Mrs. Lovett usa os corpos para fazer as mais deliciosas empadas de Londres e juntos formam uma parelha de sucesso, que atrai cada vez mais clientes deprevenidos para a morte certa. Tim Burton adaptou magistralmente esta ópera de forma hilariante e simultaneamente assustadora. O sangue inunda o ecrã num filme musical que ficou para a história do cinema e arrebatou o oscar de melhor direcção artística. Protejam as vossas jugulares!

Shining (de Stanley Kubrick) - 1980
O trabalho pode levar-nos à loucura. E se, em vez de serem os outros a ameaça, formos nós próprios? Jack Nicholson interpreta aqui um ex-alcoolico que encontra uma oportunidade de emprego irresistível: Guardar o hotel Overlook durante o Inverno, totalmente isolado da civilização, apenas com a companhia da sua mulher e filho, onde poderá escrever o seu romance. Acontece que este hotel já tinha sido palco para outros acontecimentos macabros, e os fantasmas que o assombram encontram neste homem a marioneta perfeita para praticar as suas horríveis maldades. Um filme que tornou Stephen King famoso pelos seus assustadores livros e personagens perturbadas e que revolucionou o cinema de terror.
"All work and no play makes Jack a dull boy."
Deixo aqui um vídeo que exemplifica o que poderia ter acontecido naquele hotel se as coisas não tivessem corrido mal... http://www.youtube.com/watch?v=sfout_rgPSA
E tantos outros psicopatas que eu aqui podia ter mencionado... Heath Ledger como Jocker em The Dark Knight, Javier Bardem como Anton Chigurh em Este País Não é Para Velhos, Rebecca de Mornay como a belíssima e perigosa baby-sitter em A Mão que Embala o Berço, ou até mesmo Christian Bale como Patrick Bateman em American Psycho.

Loucos? Eles estão por todo o lado...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Great Expectations - Avatar



Olá Pessoal!
Boas notícias para os amantes do cinema e para quem é fã do grande James Cameron. Este está a fazer um filme chamado AVATAR, que deverá estrear no final do ano, com pompa e circunstância.
Há um tremendo secretismo por detrás desta obra, que é o regresso de James Cameron à realização de longas metragens (fez alguns documentários entretanto) depois de Titanic... Já lá vão 12 anos. Na minha opinião, este senhor ainda não fez nenhum filme mau. As histórias são sempre intensas e envolvem o espectador, os argumentos são sólidos, as personagens carismáticas e todos os seus filmes são conhecidos por terem as melhores cenas de acção e efeitos especiais topo de gama (Aliens, O Abismo, Exterminador Implacável 1 e 2, A Verdade da Mentira e o já mencionado Titanic).
Como já é hábito, a história deste filme surgiu totalmente da sua imaginação. É uma espécie de filme épico, totalmente inovador, passado num planeta longínquo, para onde alguns humanos vão, incluindo Sam Worthington que saltou para a ribalta com o último Exterminador Implacável, na sua mega-nave-espacial e temos direito a novas civilizações, criaturas incríveis e monstruosas... Enfim, até o habitat do planeta, incluindo espécies vegetais, foi completamente criado a partir do zero, para que não houvesse qualquer semelhança com a Terra. Finalmente, Cameron promete a mais colossal batalha da história do cinema. "A Mãe de todas as Batalhas!"
Porquê o atraso deste regresso ao mundo do cinema? Porque este senhor já acalentava este projecto há mais de dez anos, e só agora foi possível concretizá-lo, tendo demorado anos a desenvolver as novas tecnologias que foram inventadas para se poder fazer este filme. Promete revolucionar a forma de fazer filmes para todo o sempre... Esperemos para ver de que forma as coisas evoluem. Agora, devemos ter em conta que as expectativas para este filme são tremendamente altas. Será que o realizador as vai conseguir superar? E não será a história demasiado irreal ou fantasiosa? E com todo o dinheiro gasto nas novas tecnologias... conseguirá o filme fugir ao fracasso de bilheteira? Bem... Eu não estou muito preocupado. Estas eram as mesmas dúvidas levantadas quando Cameron fez Titanic, e hoje sabemos o resultado. Foi só o filme que rendeu mais dinheiro em toda a história do cinema (até hoje) e um dos mais amados (e odiados).
Apesar da premissa, James Cameron é uma aposta segura. Será que volta a participar na corrida aos oscares?
Aqui fica um link para quem estiver interessado em mais pormenores acerca deste filme: http://www.filmschoolrejects.com/news/cameron-talks-avatar-at-e3-and-talks-and-talks.php

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Terminator - Salvation



Oi Pessoal!
Boas novas. Este fim-de-semana consegui satisfazer o meu ego cinéfilo e fui ver mais um blockbuster deste verão. Um que tem sido pouco acarinhado pela crítica e ignorado pelo público americano... O que é uma pena...
"Exterminador Implacável: A Salvação" não é uma obra de arte, nem vai ficar para a história do cinema. Não é tão bom como o primeiro e segundo capítulos desta tetralogia. Todavia, é uma boa peça de cinema, bastante bem conseguida, tendo em conta o desafio e as dificuldades em fazer justiça aos seus predeceçores (esqueçamos o terceiro filme, por agora). Convenhamos... são poucos os realizadores que estão à altura da genialidade de James Cameron, que além de ter assinado os dois primeiros filmes, cujas histórias foram 100% produto da sua imaginação, também realizou Aliens e Titanic.
Desta forma, o peso sobre os ombros de McG, realizador de "Anjos de Charlie", era substancial. E safou-se relativamente bem! Conseguiu desenvolver uma história interessante, aproveitando a premissa, as personagens principais e pouco mais. Passa-se em 2018, depois do Dia do Julgamento, em que as máquinas destruiram o mundo com as nossas armas nucleares e iniciou-se a guerra contra os humanos. John Connor (Christian Bale) não é, ainda, o líder da resistência, sendo encarado pelos outros sobreviventes como uma espécie de profeta, escapando ao cliché que se previa. Entretanto, temos Marcus Wright, interpretado por Sam Worthington (do qual irei falar daqui a uns tempos), um assassino que em 2003, antes do Dia do Julgamento, está no corredor da morte e doa o seu corpo para um laboratório de pesquisa contra o cancro, a pedido da Drª Serena Kogan, interpretada por (surpresa!) Helena Bonham Carter (Fight Club, Sweeney Todd). Inexplicavelmente, Marcus acorda em 2018 e... é uma máquina, apesar de não o saber.
Sam Worthington rouba o protagonismo a Christian Bale, o qual é um John Connor competente, apesar de lhe faltar qualquer coisa... Talvez o carisma de um líder... De qualquer forma, interpretam ambos personagens ricas, perante dolorosos dilemas, o que recupera um pouco do espírito filosófico dos primeiros filmes. Mas apenas um pouco. Falta alguma intensidade às personagens e um argumento mais atento aos sentimentos e motivações destas.
Finalmente, termino dizendo que as personagens femininas foram todas sub-aproveitadas. Teria sido muito interessante explorar um pouco mais da atracção de Blair Williams (Moon Bloodgood), uma mulher lindíssima, com um delicioso ar felino, por Marcus Wright. Kate Connor, ao ser interpretada por Bryce Dallas Howard (brilhante em "A Vila"), devia ter sido muito mais desenvolvida, sendo neste filme apenas a mulher de John Connor e médica das tropas da resistência. Uma actriz com o calibre dela, merecia mais.
Não vale a pena falar muito dos efeitos especiais. São dos mais realistas que eu já vi. Basta dizer que Schwarzenegger aparece, trinta anos mais novo, apesar de não ter participado neste filme. Soberbo! Fiquei perplexo.
Assim, lamento que este filme não tenha mais sucesso, porque vale realmente a pena ser visto e revisto, mesmo tendo em conta os seus defeitos. Mas tendo em conta que é realizado pelo McG, o resultado poderia ter sido muito mau. Assim, admito, eu sou fã destes filmes e não fiquei decepcionado. Mete o "Exterminador Implacável3 - A Ascensão das Máquinas" num sapatinho.
Venha o próximo, porque a guerra ainda não acabou.
Deixo aqui dois clips do filme:

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Star Trek


Oi pessoal,

Tem sido difícil ir ao cinema, mas finalmente consegui, esta semana. Como o filme tem acolhido boas críticas e estava quase a sair dos cinemas, decidi ir ver o Star Trek e dificilmente teria ficado mais satisfeito.

Não conheço o universo trekkie, mas tal também não é necessário para apreciar este filme. Basta boa disposição, sentido de humor, boa companhia e querer descontrair durante duas horas.

Este filme regressa às origens da saga, de modo a que ficamos a conhecer as origens das duas personagens principais: Spock (Zachary Quinto) e Jim Kirk (Chris Pine). É o reinventar de uma nova saga. A ameaça surge por parte de Nero (surpresa das surpresas: interpretado por Eric Bana) que pretende destruir todos os planetas pertencentes à Federação, incluindo Vulcan, o planeta de Spock, que é destruído, e o planeta Terra, obviamente.

Vou começar por elogiar o elenco, escolhido na perfeição para criar um filme que pretende, acima de tudo, divertir e sacudir o pó de uma série de filmes esquecidos e de uma fórmula gasta. Somos prendados com personagens jovens, em topo de forma, rebeldes e sem medo de ir à luta. Chris Pine interpreta um James T. Kirk revoltado (em parte por ter crescido sem o pai), conflituoso e com um carisma a que poucas damas resistem. Dentro deste restrito grupo, está Zoe Saldanha, que interpreta Uhura, e se torna irresistível precisamente por ser imune ao engate de Kirk (além de ser extremamente sensual). Zachary Quinto interpreta um Spock que cresceu com a discriminação de ser filho de um pai vulcano e uma mãe humana (interpretada por Winona Ryder, e eu nem a reconheci), sobrepondo a lógica a todas as emoções. É desta antítese entre as duas personagens principais que nasce uma relação de desprezo e rivalidade, que depois evolui para uma relação de entre-ajuda, amizade e respeito, conforme se vão conhecendo. Entretanto, a espectacular parada de actores prossegue com Jennifer Morrison, actriz conhecida por interpretar a Drª Cameron na série "House", como a mãe de Kirk no início do filme, Eric Bana (quase irreconhecível) como o rancoroso, negro e vingativo vilão, Bruce Greenwood (National Treasure; Capote) como Capitão Pike, Simon Pegg (fantástico actor cómico britânico) e até temos direito ao regresso de Leonard Nimoy à saga, num momento revelação do filme.

De resto, tenho a dar os meus parabéns a J. J. Abrams, que depois das séries "Lost" e "A Vingadora", e de "Missão Impossível 3" e "Cloverfield", conseguiu o que muitos considerariam impossível, fazendo renascer esta fénix das cinzas (pode parecer exagero, mas devem concordar comigo quando digo que a série estava morta e este foi um renascer em grande estilo). A história é consistente, com temas como a discriminação, a vingança e a extinção das espécies (!), as personagens são bem desenvolvidas, o ritmo do filme é constante, com acção trepidante e adrenalina nas doses certas, e os efeitos especiais são topo de gama.

Para ver e rever. É bestial. Aqui está um dos trailers, para ficarem com um cheirinho...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Wesley Snipes e a Cultura...



Oi pessoal,

Venho aqui queixar-me da nossa televisão nacional! No passado sábado à noite, enquanto devia estar a estudar para os exames desta semana, fiz um pouco de zapping e fiquei alucinado.

Na RTP1, estava a dar o Saw3... Não gosto do filme. Gostei do primeiro, uma espécie de filme de terror psicológico, com dois homens a tentar sobreviver a qualquer custo, mas tudo o que fizeram nos filmes seguintes foi transformar a premissa numa espécie de "quebra-cabeças" (ou "Jigsaw", se preferirem) com sangue e tripas. Para onde foi o terror? Só mete nojo!

Agora, a cereja em cima do bolo, ou do gelado, porque faz calor: Na SIC estavam a passar um filme do Wesley Snipes! E como se isso não fosse suficientemente mau, na TVI estavam a passar... Outro filme do Wesley Snipes! Pareciam réplicas um do outro! Em ambos, ele tinha o mesmo ar inexpressivo (que pretende ser de durão, mas na verdade é só falta de personalidade) a contracenar com uma actriz boazona com falta de talento. A da SIC era latina e bem boa, a da TVI era loura e pouco interessante. hehehe. Em ambos os filmes as gajas estavam sempre a mandar-lhe bocas e "odiavam-no" enquanto ele as tratava abaixo de cão. Claro que aquilo é só feromonas e depois começam a falar sobre o passado, ficam enternecidos um com o outro e vão p'á cama! Entretanto, tinham perseguições com carros baratos, mal filmadas e coreografadas, com gritos histéricos e os clichés do costume: carros a ir contra mercados, para atirar flores e fruta pelo ar, e depois há sempre alguém que vai numa mota e bate contra o carro... Enfim... Tudo tão mau e privisível quanto as telenovelas que passam depois do jantar. Até o meu irmão de 13 anos conseguia prever o que ia acontecer a seguir, e não se enganou uma única vez.

Decidi mudar de canal, apesar de aquilo ser tão mau que prendia a atenção, e naveguei pela TVCabo. E não é que nos canais TVCine estavam a passar dois clássicos do cinema? O Padrinho e o Padrinho III.

O que é que eu posso concluir daqui? Só quem tem acesso a melhores meios de comunicação tem direito a cultura? Quem não tem TVCabo não pode ver bom cinema na televisão? E o que é que o Wesley Snipes anda a fazer na televisão? Depois dos filmes do Blade, não fez mais nada além de filmes directos para DVD... E ainda bem, porque não queria ver gente a desperdiçar dinheiro com filmes deste tipo no cinema. Francamente, um tipo que pensa que filmar um filme de acção com a câmara de pernas para o ar é uma boa ideia, nem devia receber um tostão.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Shit#2



Oi pessoal,
Num país em que a ditadura é uma ferida no nosso passado tão recente, é triste pensarmos que a censura subsiste, dissimulada, entre nós. A censura está nas nossas televisões, nos nossos jornais, nos nossos filmes e nas nossas escolas. Está por todo o lado! Tenham cuidado com a censura!

LOL.
Agora a sério. Um dos mais recentes excrementos do fabuloso mundo de Joel Pear passou precisamente pelo infame confronto com esta realidade. Quando pensava que vivia num país democrático, fui obrigado a renunciar à minha liberdade de expressão e a retirar um dos meus filmes (filmado na minha escola) do Youtube. Muito sinceramente, estou tentado a expôr o dito filme neste blog, mas não o farei, devido ao risco de represálias. Pelo menos, enquanto frequentar aquela escola. Aquela escola que eu odeio e cujo nome não vou mencionar por me dar tanto asco! Só falta um ano para terminar este curso merdoso, e, sinceramente, quanto mais depressa o terminar, melhor.

Mas a minha revolta é imensa, assim como a minha indignação.

Ora, quando o Youtube está cheio de vídeos filmados na nossa escola, alguns dos quais dentro das instalações, por que razão apenas o meu teve que ser retirado do dito site? Porque os outros videos tinham sido feitos por alunos do curso do presidente da escola! O meu filme não prejudicava em nada a imagem da escola, enquanto "instituição". Porém, feriu a sensibilidade de uma pessoa que viu no filme os defeitos que as instalações da escola tinham. Era um filme cómico, inocente, feito como trabalho de grupo para uma das disciplinas. E por não terem as instalações da escola em condições, eu é que tive que tive de retirar o filme da Internet, por medo de represálias... e digamos que a minha situação escolar está um pouco precária e é fácil obrigarem-me a ficar mais um ano...

Por que é que nos incutem estas merdas da liberdade, quando na prática, estamos todos fodidos e sob o controlo e opressão de quem está acima de nós? E depois temos que escolher entre sermos fodidos por obedecer e ir a favor da maré, ou sermos fodidos por irmos contra a maré... e nos afogarmos...

Remember, remember, the fifth of November...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Great Expectations - Shutter Island



Olá pessoal!

Não era sobre este filme que eu estava para vos falar, mas ao ver o trailer do novo projecto de Martin Scorsese, não resisti a partilhá-lo imediatamente com o povo.

Segundo o que pesquisei, este filme tem como personagens centrais dois U.S. Marshals, Leonardo DiCaprio (Diamante de Sangue; Revolutionary Road) e Mark Ruffalo (O Despertar da Mente; Zodiac) que embarcam até uma ilha remota, na costa de Massachusetts, para pesquisar a misteriosa fuga de uma paciente do hospital psiquiátrico dessa ilha, que se pode considerar mais uma fortaleza para guardar assassinos e perigosos psicopatas. Entretanto, um furacão abate-se sobre a ilha, impedindo-os de regressar a terra, altura em que se perde o controlo.

Ora, o trailer do filme (à vossa disposição no fim destas linhas) acrescenta mais uns detalhes sumarentos a esta simples sinopse.
Shutter Island não só é o regresso de Martin Scorsese como realizador desde que venceu os Oscares de melhor filme e realizador pelo (abismal) The Departed - Entre Inimigos, como é a adaptação de um livro de Dennis Lehane, que escreveu Gone Baby Gone e Mystic River, também já adaptados ao cinema. É ainda de salientar que muitos dos melhores papeis de DiCaprio, desde que foi resgatado do Titanic, passaram por filmes de Scorsese (Gangs de N.Y., O Aviador e The Departed), o que promete mais um grande sucesso para os dois. O restante elenco é de grande qualidade, passando por Sir Ben Kingsley (Ghandy; Lista de Schindler), Max Von Sydow (Minority Report), Emily Mortimer (Match Point) e Michelle Williams (Brokeback Mountain e ex-mulher do falecido Heath Ledger).

Vindo de Scorsese, podemos contar com um dos mais intensos, assustadores, enervantes e arrasadores filmes do ano. E, quem sabe, de facto, o melhor filme do ano... Arregassem as mangas, pois o filme estreia nos EUA a 2 de Outubro. Se tivermos sorte, cá também.


Fica aqui o link para o site do filme: http://www.shutterisland.com/