sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Monkey Shines - Motelx

O Motelx continua a surpreender-me positivamente. Desta vez, não com a descoberta do cinema português no seu melhor, mas com um dos tesourinhos ocultos do cinema americano - um filme de George A. Romero, que virá ao festival no Domingo. "Monkey Shines", de 1988, o ano em que nasci, foi um delicioso prazer para os meus sentidos e espírito mais sombrio. Já não se fazem filmes como este.

A premissa é tão improvável que torna todo o filme numa experiência inesquecível, como ir ao sotão dos avós e descobrir os brinquedos deles. Esta é a história de um atleta, Alan Mann, cuja vida muda abrupta e terrivelmente ao ser atropelado, ficando tetrapelégico. Perante esta drástica mudança na sua vida, cede à depressão e desespero. Um amigo seu, Jeff, o qual, por acaso, trabalho num "laboratório químico" e faz "experiências" com macaquinhos como cobaias, encontra a solução para os problemas de Alan e os seus. Perante o risco de perder financiamento para o seu trabalho, Jeff precisa que a sua cobaia predilecta, uma macaquinha fêmea, interaja com humanos para potenciar as suas capacidades intelectuais. Assim, a macaquinha, após ser treinada pela sensual Melanie, vai viver com Alan, de forma a auxiliá-lo com as tarefas quotidianas. Esta parece ser uma relação prometedora, visto que entre homem e macaquinha nasce uma bonita relação de amizade (poder-se-ia até dizer amor). Porém, Alan começa a ter uns sonhos "bastante esquisitos" em que parece sentir e ver o mesmo que a macaquita quando foge de casa à noite e, para piorar a situação, todos aqueles com quem Alan se irrita acabam eventualmente por sofrer as consequências... morrendo!

Um filme destes é cómico e divertido pela sua simplicidade, sem deixar de estar muito bem filmado e ter um argumento sincero e humilde, que nunca pretende chamar "estúpido" ao espectador. Foram filmes destes que me atraíram para o encantador mundo das Ciências, em que tudo parece perigoso, extravagante, ambicioso, em constante aventura e descoberta. A realidade das ciências é e não é assim, por diversas razões que não são nada chamadas para aqui. Estamos a falar de cinema. O que eu quero dizer é que a imaginação humana é encantadora e dou os meus parabéns a Romero (admito que quase não conheço nenhum filme dele, à excepção d"A Noite dos Mortos Vivos") pela sua genialidade, ao pegar num interessante facto real - a universidade de Boston treina macaquinhos para auxiliar tetrapelégicos nas suas tarefas - e transformá-lo numa história macabra que mistura o terror, a ficção-científica no seu melhor, e a comédia, completamente descomplexado e seguro de si. Apareçam mais Romeros, se faz favor, que sente-se falta de imaginação e muito pó nas ventilações do Cinema.

E por falar nisso, é irónico que devido a problemas de financiamento o próprio Romero só tenha feito filmes de zombies na última década... Ele próprio admite que prefere fazer muitos filmes de zombies com o pouco tempo de vida que ainda tem pela frente, do que esperar eternamente pelo dinheiro para concretizar outros filmes e ideias. http://ipsilon.publico.pt/Cinema/texto.aspx?id=266407

É pena que nem aquele que eu estive a elogiar consegue escapar. Esperemos que com "Inception - A Origem" os estúdios ganhem coragem para arriscar mais.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

NOITE SANGRENTA - MOTELX

Vi este filme no Motelx e não pude ficar indiferente.

Os actores oferecem-nos performances suberbas e todo o trabalho, desde o argumento, à realização, produção, fotografia... Tudo! Adorei!

O cinema português mostra-nos que ainda está vivo e bem vivo e tem muito para oferecer.

Nas comemorações do centenário da república, este filme será transmitido pela RTP sob o formato de mini-série e conta a história verídica de um dos muitos momentos infames da história portuguesa. É um filme emotivo, em que a mulher de Carlos da Maia, um dos homens assassinados, tenta fazer justiça e desmascarar os verdadeiros culpados por detrás da morte do marido, fazendo tudo o que está ao seu alcance.

Não percam, em breve, num ecrã mais pequeno, dentro de sua casa

sábado, 26 de junho de 2010

The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans


Depois de ter ganho um oscar por "Morrer em Las Vegas" (1995), em que interpreta um alcoolico que decide suicidar-se bebendo álcool até à morte, literalmente, com a companhia de uma prostituta (a fanstástica Elisabeth Shue, também nomeada para melhor actriz, apesar de não ter ganho) e de ter sido nomeado pelo magnífico "Inadaptado" (2002), em que interpreta o depressivo argumentista Charlie Kaufman ("Eternal Sunshine of the Spotless Mind - O Despertar da Mente") e o seu fictício irmão gémeo, Nicolas Cage decidiu abraçar novamente uma personagem problemática e politicamente incorrecta.

Em "The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans", realizado pelo grande Werner Herzog, cuja estreia eu tive a oportunidade de ver há já bastante tempo no Indie Lisboa 2010, mas que ainda se encontra nos cinemas nacionais caso estejam interessados em ir ver, Cage interpreta um detective que durante o furacão Katrina, em New Orleans, sofre uma lesão na coluna que o aturmentará com dores para o resto da vida, ao tentar salvar um prisioneiro de morrer afogado na prisão durante a inundação. No entanto, essa lesão leva-o a ser promovido a tenente, o que traz muitos benefícios materiais. Claro que se aproveita da sua nova promoção para ter um mais fácil acesso a cocaína, que lhe acalma as dores, visto que o seu vício em Vicodin (comprimidos popularizados pelo Dr. House) já não é suficiente para superar as limitações da sua lesão. Após uma família de afro-americanos ser assassinada, ele é destacado para o caso e enquanto tenta caçar o assassino, somos levados por uma montanha russa alucinada de actos imorais e ilegais que vão ameaçando a sua missão, a sua carreira e a sua própria vida. Pelo meio, somos prendados com a presença de uma surpreendente Eva Mendes, no melhor papel da sua carreira, ao interpretar a namorada do protagonista, a qual, além de partilhar dos mesmos vícios, é prostituta.

Finalmente, vemos um bom actor a desprender-se das personagens terríveis que tem vindo a interpretar em tais pedaços de merda como "Ghost Rider", "Next", "Bangkok Dangerous" e uma pilha de outros filmes igualmente intragáveis, com excepção para aqueles blockbusters engraçadinhos da Disney chamados "National Treasure", melhores que as adaptações dos livros de Dan Brown. Pode haver um ou outro momento em que, quando supostamente está no pico dos efeitos das drogas, a sua representação possa parecer um pouco exagerada... É possível! Mas verdade seja dita que os toxicodependentes também são pessoas dadas a exageros... Seja como for, de uma forma global, este é um óptimo filme, em que Nicolas Cage abre asas e voa, dando vida a uma personagem complicadíssima. Os seus actos são profundamente incorrectos, chegando a ser abomináveis, mas há algo naquele homem turbulento, em revolta com a vida que nos deixa absolutamente presos ao ecrã. E a belíssima Eva Mendes interpreta aquela prostituta que não tem pena de o ser, ganha bom dinheiro com o que faz, muito útil para pagar a cocaína que consome, continua a amar e a adorar o seu tenente defeituoso, e acaba por levar por tabela em consequência dos actos dele.

Só tenho pena de Val Kilmer, com uma personagem secundaríssima, com aspecto de ex-estrela de cinema em decadência, sendo que este filme é um dos poucos que ele tem feito e não foi parar directamente às prateleiras de DVD.

Se alguém quiser uma baforada de ar fresco neste verão cheio de heróis perfeitos, aqui está um filme repleto de adoráveis personagens incompletas, incorrectas, impressionantes e deliciosamente incorrectas. E observem com atenção aquelas alucinações com as iguanas. Simplesmente delirantes...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Great Expectations - Inception

Oi pessoal!

Aqui fica o mais recente trailer de um dos filmes mais aguardados deste ano. Realizado por Christopher Nolan, cada vez mais reputado pelos seus filmes - o fantástico "Memento" (que lançou a sua carreira), Insomnia (sobre o qual já falei na rúbrica "Ensaio sobre a... Insónia"), "The Prestige", "Batman Begins", "The Dark Knight - O Cavaleiro das Trevas" - e com um elenco de luxo, repleto de actores topo de gama, quase todos eles oscarizados ou nomeados (Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Ellen Page, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt, Tom Berenger e os já habituais Cillian Murphy e Michael Caine). Podia escrever até me fartar sobre estes actores. Em vez disso, vou deixar-vos pesquisar sobre eles se estiverem muito interessados. Se não, poupo-vos a um massacre.

O argumento permanece no silêncio dos deuses. O máximo que se sabe é o que nos é revelado pelo trailer: num futuro não muito distante a tecnologia possibilita o acesso aos sonhos das pessoas. E a corrida a algo desta magnitude, capaz de roubar ideias e usá-las para benefício alheio, torna-se uma guerra surreal pela supremacia sobre a mente humana.

A mim, cheira-me a novo mega-sucesso para Christopher Nolan, capaz de superar o seu último capítulo das aventuras de Batman, e parece-me possível que seja mais um marco na história do cinema, pelo menos do ponto de vista tecnológico, visto que este é mais um filme (à semelhança de "Avatar") que tenta derrubar e superar as barreiras do imaginário humano e do que é possível ver e viver no cinema. Estes filmes, apesar de serem comerciais como tudo, devem ser aplaudidos, porque não são fast-food. São a combinação perfeita de negócio e arte, capaz de arrastar multidões.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Great Expectations - 'Piranha 3D'

Hey Pessoal! Eu sei. Os últimos filmes que critiquei já quase nem estão nos cinemas, e eu já vi outros entretanto. No entanto, a vida tem andado um bocado... ocupada. Sendo assim, aqui fica o trailer de um mais um filme de terror de baixa qualidade para vos apimentar o apetite. Uma imitação descarada do primeiro "Tubarão", com a espectacular Elizabeth Shue (nomeada ao oscar por "Viver e Morrer em Las Vegas") que por alguma razão nunca conseguiu alcançar grande prestígio no cinema e se reduziu a aparecer em filmes de qualidade duvidosa... como este. De qualquer forma, estes filmes costumam ser divertidos e ver esta actriz (que, além de linda, é talentosa) é sempre um prazer. Preparem-se... Sol, praia, biquinis e... Blood! Lot's of it!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Great Expectations - 'Splice'

Este trailer é o de um filme chamado "Splice", do grande Guillermo del Toro, realizador de "Hellboy" e "O Labirinto do Fauno", protagonizado pelo oscarizado Adrien Brody ("O Pianista"; "King Kong") e por Sarah Polley ("Dawn of the Dead - O Amanhecer dos Mortos", nomeada ao óscar pelo argumento do belíssimo "Away From Her - Longe Dela", que também realizou). É um filme de ficção-científica bastante negro (como não podia deixar de ser, tendo em conta o historial do realizador), com requintes de Terror. A narrativa desenvolve-se à volta de um dos meus temas preferidos - a investigação genética e a clonagem. Os dois protagonistas são dois jovens investigadores que decidem quebrar barreiras e criar um híbrido a partir de DNA humano e animal, criando uma bela, mas perigosa, criatura.

Ainda não tem estreia prevista para Portugal, mas estreia em Junho nos EUA e conforme as suas receitas, pode ser que não demore muito a passar por cá. De qualquer forma, podem ficar a saber que fará parte da selecção oficial do Sitges, festival de cinema em terras de nuestros hermanos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

The Blind Side - Um Sonho Possível


De repente, fez-se justiça. Sandra Bullock foi recompensada pela sua longa e bem orientada carreira. Pode-se dizer que os seus únicos fracassos foram os terríveis Speed 2 e Miss Detective 2, ambos sequelas dos seus maiores êxitos. Também se pode dizer que a sua melhor performance até este filme foi na pele daquela mulher brava e furiosa contra os imigrantes americanos em "Crash - Colisão" de Paul Haggis, vencedor do oscar de melhor filme em 2004. E também se pode dizer que "The Blind Side" (detesto o título português, que podia muito bem ser "O Ângulo Cego" em vez deste piroso "Um Sonho Possível") foi o veículo perfeito para uma grande actriz mostrar o seu verdadeiro valor. No mesmo ano, teve dois filmes a ultrapassarem os 200 milhões de dólares - o hilariante "A Proposta" e este "The Blind Side", venceu um Razzie pelo "All About Steve" (parece que o filme é tão mau que nem estreia em Portugal) e um oscar logo no dia seguinte. Venceu também um Globo de Ouro e beijou Meryl Streep na boca em frente ao mundo todo, divorciou-se e adoptou uma criança... Sandra Bullock está imparável.
Regressando ao filme, este conta a história verídica do jogador de futebol americano Michael Ohern (interpretado pelo desconhecido Quinton Aaron), antes de se tornar uma estrela, quando vivia abandonado e pobre, que é praticamente adoptado por Leigh Ann Touhy (a personagem de Sandra Bullock) e pela sua família.
Se me perguntarem por que é que o filme foi um dos 10 nomeados ao oscar de melhor filme do ano, só posso dizer que foi pela história e pelos estrondosos e surpreendentes resultados na bilheteira. Porque o filme não é tão bom quanto isso. Tem uma óptima história, sobre a vida real e personagens reais, com óptimas interpretações de todos os actores, fala-nos da bondade humana, mas fica por aí. Não tem mais nada de especial. O realizador limita-se a mostrar-nos isto tudo. Se em vez deste John Lee Hancock por detrás das câmaras tivéssemos um Steven Soderbergh, talvez este filme fosse realmente um grande filme, como "Erin Bockovich" foi para Julia Roberts quando também ela venceu o merecido oscar. Assim... É só um filmezinho bonito que nos entretém confortavelmente com uma história bonita durante duas horas, sem nunca nos tocar no coração.
"The Blind Side" foi o veículo para Sandra Bullock interpretar de forma espectacular uma mulher forte e interessante. Ninguém diz que não a Leigh Ann Touhy. É uma mulher rica, mas generosa, com uma punho de aço e um coração de ouro. Não é fácil interpretar alguém assim. Sandra Bullock conseguiu-o. E por isso (quase só por isso), vale a pena ver este filme.

Alice in Wonderland - Alice no País das Maravilhas

Tim Burton está de volta com um dos maiores sucessos (comerciais) da sua carreira. Este filme, em parte por causa da moda do 3D, que torna os bilhetes de cinema incomportavelmente caríssimos, já atingiu os 880 milhões de dólares em todo o mundo. Claro que essa não é a única razão. O filme é brilhante. Desprende-se da história original de Lewis Carroll com muita subtileza e inteligente, transportando Alice para o início da idade adulta, em que é confrontada com todos os enigmas da adolescência e as decisões que vão definir toda a sua vida futura. Uma idade muito mais interessante do que a da Alice mais infantil da história original, em que a miudinha parecia só uma bonequinha espertinha que andava perdida num mundo de fantasia. Assim, a história deixa de ser infantil e passa a ser quase uma metáfora do desatino e confusão que é a transição para a idade adulta.
Este filme tem uma qualidade irrepreensível na forma como nos transporta para todo aquele imaginário. É Tim Burton puro. As criaturas, as cores, as personagens, as roupas, todas as cenas de acção e alienação. É tudo extravagante e perfeito na sua loucura. A direcção artística, como em todos os filmes deste realizador, é soberba. Assim como os actores.
Helena Bonham Carter continua a ser uma das minhas actrizes preferidas, desde que vi "Clube de Combate" de David Fincher. A forma como ela se transforma em qualquer personagem é incrível. O seu casamento com Tim Burton é das melhores coisas que lhe podia acontecer, porque desde que representou aquela macaquinha (mais humana do que o único humano naquele Planeta dos Macacos - Mark Wahlberg em piloto automático) teve acesso a um número infinito de personagens extraordinárias que mais nenhum outro realizador lhe poderia dar. Assim, esta Rainha de Copas é extraordinária: Divertida, assustadora e humanizada. Por detrás do seu autoritarismo impiedoso, está uma cabeçuda que sofre por ser diferente.
E, da mesma forma que uma das melhores parcerias do cinema é a de Leonardo DiCaprio com Scorsese, pode-se dizer o mesmo da formada por Johnny Depp e Tim Burton. Estes dois fazem os seus melhores trabalhos quando estão juntos. A criatividade e loucura de ambos juntam-se para criarem coisas maravilhosas. E este Chapeleiro Louco, por cheirar tanta cola tóxica enquanto fazia os seus famosos chapéus, é mais uma personagem incrível para acrescentar ao seu extenso repertório composto por piratas, assassinos e outros que tais, todos incompreendidos nos filmes em que habitam.
Concluindo, Mia Washikowska é a actriz perfeita para representar esta Alice no País das Maravilhas. Parece ter nascido para este papel, o que lhe pode vir a limitar a carreira, por ser tão jovem e bela, e a conseguirmos ver tão facilmente nos papéis mais inocentes. Anne Hathaway continua a libertar-se desse mesmo estigma, deixando a princesinha da Disney para trás e abordando personagens cada vez mais adultas e fazendo desta Rainha Branca uma representação da Bondade completamente ganzada. Não tenho outra forma de descrever a forma alienada (e original) com que esta actriz abordou o papel. E culmino com Matt Lucas, estrela hilariante da britcom "Pequena Grã-Bretanha", que interpreta os divertidos e disparatados irmãos gémeos Tweedledee e Tweedledum.
Se quiserem revisitar os vossos sonhos de infância, povoados de personagens fantásticas em mundos de fantasia, este é o filme. Delirem e apreciem.
E não deixem de ver o videoclip da Avril Lavigne. Para mim, está um máximo e não me canso de o ver.

Away We Go - Um Lugar Para Viver


É verdade que eu sou um fã do Sam Mendes, realizador de um dos meus filmes preferidos - Beleza Americana - e até consegui gostar do emocionalmente arrasador "Revolutionary Road". Daí que não seja surpresa que eu diga bem deste Away we Go, e que eu já estivesse à espera da sua estreia em Portugal há quase um ano. No entanto, já o vi e adorei e acho que, a par com o filme de Clint Eastwood "Invictus", é um dos filmes Feel-Good do ano passado.

A história não podia ser mais ternurenta e os protagonistas mostram-nos o amor que os une e fazem-nos apaixonarmo-nos por eles e reavivam a esperança na paixão. Finalmente, um filme que não é meloso e nos faz acreditar que estes sentimentos são reais e existem!

John Krasinski (The Office, Amar é Complicado) usa a sua veia mais cómica, com muita naturalidade, enquanto que Maya Rudolph (Saturday Night Live) nos presenteia com uma personagem mais doce e profunda. Estes são um casal que tem um filho a caminho e procuram um lugar para viver. Pelo caminho, vão-se cruzando com os mais estranhos e irreverentes casais, tentando decidir onde querem viver. E enquanto que ao início, em cada lugar, estes casais nos parecem delirantemente perfeitos, tudo se prova ao contrário. Não há famílias perfeitas, nem vidas perfeitas. Há pessoas. A maioria anda perdida, sem saber bem o que anda a fazer no mundo. Outras sabem, mas não conseguem atingir o que mais desejam e tentam sobreviver à dureza da vida. E esta torna-se uma jornada de auto-conhecimento e amadurecimento e consolidação do amor destas duas adoráveis personagens.

Para mim, este foi o filme mais ignorado de Sam Mendes até agora, por ser uma comédia indie de baixo orçamento e totalmente despretensiosa, e o seu melhor desde que se estreou com "Beleza Americana" que lhe valeu o oscar de melhor realizador e o lançou para a ribalta. Talvez mesmo por ser tão despretensioso. Fez este filme para si próprio. Está no extremo oposto do seu filme anterior "Revolutionary Road" em que as personagens se precipitavam para um vácuo existencial nas suas vidas. "Away we Go" é sobre esperança e amor e aprendizagem e vida e tudo o mais.

Catherine O'Hara é uma actriz genial, que já tinhamos visto em "Juno", como a protectora madrasta de Juno, e que aqui nos consegue roubar algumas das mais delirantes gargalhadas em todo o filme. Neurótica e extravagante, tem algumas das atitudes mais irreverentes e diz algumas das maiores barbaridades, chegando a comparar as suas mamas aos tomates de um velho. As lágrimas escorriam-me pela cara, de tanto rir, por causa dela.

Maggie Gyllenhaal presenteia-nos com mais uma personagem louca e deliciosa. Politicamente incorrecta, hippie e adoradora da mãe natureza, leva os protagonistas ao limite, chegando a fazê-los perder a cabeça com ofensas que ela vai proferindo, alienada da realidade. Na verdade, eles quase lhe deviam agradecer, pela forma como se tornaram ainda mais unidos depois de se cruzarem com ela.

Termino com um apontamento a um dos últimos casais com que eles se cruzam na sua viagem. Melanie Lynskey e Chris Messina representam um dos momentos mais Heart-Breaking do filme. São talvez aqueles com que o nosso casal mais se identifica, e apesar de inicialmente parecerem viver em felicidade e harmonia, acabamos por nos aperceber da tristeza que lá está patente. No entanto, também estes se amam verdadeiramente e é esse sentimento, no qual empenham tanto do seu esforço, que os mantém unidos apesar de todas as amarguras. E, por favor, quando virem o filme, tomem atenção a uma das melhores metáforas de sempre para explicar o amor. É um dos momentos mais ternurentos e deliciosos do filme.

Vejam, apreciem e apaixonem-se. Não deixem de se apaixonar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Shutter Island


Repetindo as palavras de uma grande amiga, Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese voltam a brincar juntos. E que grande brincadeira. As brincadeiras deles estão cada vez melhores! Shutter Island é fenomenal. Entrei no cinema à espera de um filme de terror do tipo "O Cabo do Medo" (a única referência que eu tinha deste realizador em termos de terror) e saí de lá com um arrepiante thriller psicológico do mais alto nível. Algo entre "The Shining" de Stanley Kubrick e "Se7en - Sete Pecados Mortais" de David Fincher. Muito sinceramente, bateu todas as minhas expectativas e será sempre uma referência para mim sobre como deve ser um verdadeiro thriller psicológico e intenso, como já não se fazia há anos.


Não me apetece perder tempo a resumir o filme numa sinopse. Para isso, têm os folhetos das salas de cinema, o Cinecartaz do público e até o próprio livro, em que este filme é baseado, para consultarem.


Scorsese filma cada cena, cada segmento, com um cuidado irrepreensível. Não há uma única falha em cada enquadramento. É o cinema transformado em verdadeira arte, como se cada frame se pudesse transformar num quadro perfeito. A banda sonora é assombrosa e contrasta de forma brilhante com algumas das imagens mais idílicas do filme. Arrepia-nos e surpreende-nos quando menos esperamos.

A única crítica menos positiva que poderei fazer, talvez seja o facto de o filme abrandar e quase parar numa sequência de alucinações/sonhos/pesadelos e flashbacks do personagem de Leonardo DiCaprio. Para mim, foi demasiado longa e chegou a ser maçadoura apesar das imagens perturbadoras com que nos presenteava. Mas é só isto! Adorei tudo o resto.

Leonardo DiCaprio comprova novamente que é um dos melhores actores da actualidade e, na minha opinião, é um actor que vai ficar para a história do cinema, quer gostem dele ou não. Eu só acho que a cada filme que ele faz, vai aprimorando a sua técnica, refinando as suas personagens e tornando-se cada vez mais perfeccionista. Simplesmente, brilhante. E espero que a parceria dele com este realizador não se fique por aqui. A sétima arte agradece e o público também.

Termino com um apontamento para os restantes actores. Todos na sua melhor forma. Mark Ruffalo é o marshal que acompanha DiCaprio ao longo das investigações nesta ilha infernal e consegue tão facilmente fazer-nos acreditar que está do lado do parceiro, como que faz parte de toda a conspiração, mantendo-nos na expectativa até ao desenlace. Ben Kingsley é um "sir" na vida real e no cinema. Façamos uma vénia a este senhor que aqui nos presenteia com mais uma personagem assombrosa e perturbadora. E Michelle Williams deixa completamente para trás a menina do "Dawson's Creek" e o rótulo "a ex do Heath Ledger" para nos mostrar a fibra de que é feita uma verdadeira actriz. Quando descobrimos o desenlace do filme, cada um dos actores mostra aquilo que vale e arrepia-nos com a performance de uma vida.

Aviso: Preparem-se para a última cena do filme. Adorei.

A Single Man

Oi pessoal!
A ver se faço alguma coisa. Tenho andado a ser egoísta, porque vou ao cinema, mas não partilho nada convosco.
Já vi este filme há montes de tempo. Montes mesmo. Vi ainda antes dos oscares, para saber se o Colin Firth tinha sido nomeado por interpretar um homossexual ou por fazer o melhor papel da sua carreira. Felizmente, a resposta é a segunda opção. Colin Firth mostrou finalmente o que valia. Não é apenas o príncipe encantado britânico, ideal para comédias românticas e romances da época vitoriana.
Este filme conta-nos a história de um homem que decide que aquele é o seu último dia de vida. Acompanhamo-lo desde que acorda e segue a sua rotina habitual. E, por alguma razão, algo faz com que aquele dia saiba de forma diferente de todos os outros. Todos os sentidos são captados com toda uma maior intensidade. Arrisca, conhece outras personagens com outros problemas: Um imigrante latino que o tenta engatar em troco de dinheiro, um aluno que ainda não saiu do armário e se vê fascinado pelo professor... Revisita a melhor amiga, com a qual passou os melhores e piores momentos da sua vida. E o fantasma do seu antigo namorado nunca deixa de estar omnipresente. As recordações, o desgosto da sua morte...
Colin Firth interpreta este homem solitário com uma simplicidade indescritível. A sua performance está mais no que ele não diz, nos olhares, nos gestos, nas atitudes que toma.
Tom Ford, enquanto realizador, é muito competente. Este foi o seu primeiro filme, sendo que antes já tinha trabalhado no cinema, mas na parte do guarda-roupa, em filmes como "O Diabo Veste Prada". Com a sua câmara, ele consegue captar com uma tremenda profundidade a importância que cada segundo daquele dia tem para o protagonista. Talvez exagere em determinados "close ups" e segmentos em câmara lenta, mas está lá a devida sensibilidade, a solidão de cada personagem e a necessidade de proximidade e o desespero por humanidade. Nesse sentido, a personagem de Julianne Moore poderá ser a que melhor representa estes sentimentos. Uma mulher rica, divorciada diversas vezes, cujo único homem que ama e sempre amou é o seu melhor amigo gay. Podemos pensar que numa ocasião ou outra, a representação de Moore está exagerada, mas se pensarmos na personagem como uma tia de Cascais, percebemos que ela está perfeita, como sempre.
Finalmente, um apontamento para Nicholas Hoult, o rapazinho que acompanhava Hugh Grant em "Era uma Vez um Rapaz". O miúdo já tem vinte anos e comprova que não é apenas uma estrela infantil, mas que se tornou um actor maduro e capaz de nos surpreender neste filme e nos muitos que hão-de vir.
Este é um filme perfeito para nos mostrar que a homossexualidade existe e não é nenhuma epidemia mortífera. Óptimo para quebrar barreiras e abrir as persianas dos olhos para o mundo. Eles são apenas pessoas, com qualidades e defeitos como qualquer um.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Oscares 2010


Olá minha gente. Sim, já venho atrasado. Já se disse tudo sobre esta cerimónia. Paciência. Eu ainda não disse quase nada. Ainda não vi o grande vencedor - "The Hurt Locker - Estado de Guerra", mas assim que puder queimar vinte euros hei-de comprar o DVD e comentarei sobre um filme que me parece perfeito (há três anos atrás eu comprava-o logo sem pensar... O que a responsabilidade faz).

Tenho pena que o "Avatar" não tenha recebido mais qualquer coisita, assemelhando-se demasiado ao que aconteceu no ano passado a um dos meus filmes preferidos - "O Estranho Caso de Benjamin Button". Ambos os filmes perderam os oscares principais para um candidato mais baratinho (não estou a dizer que "The Hurt Locker" e "Slumdog Millionaire" não merecessem ganhar. Acredito que sim. Mas se fosse por mim, o mais justo seria empatarem com os rivais. LOL). Tanto o Avatar como o Benjamin Button ficaram-se pelos três prémios, curiosamente dois deles nas mesmas categorias - Efeitos Especiais e Direcção Artística (Avatar venceu Melhor Fotografia, enquanto o Benjamin venceu o de Melhor Caracterização pela incrível transformação de Brad Pitt). "The Hurt Locker" ganhar os prémios técnicos de Melhor Montagem de Som, Efeitos Sonoros e Melhor Montagem é que foi uma surpresa para mim. Tenho que ver o raio do filme. Ando a salivar que nem um cão.

Deixando a batalha destes monstros para trás, e passando ao espectáculo em si, a dupla Steve Martin e Alec Baldwin resultou perfeita (tal como se antevia em "Amar... é Complicado"), as piadas sobre os ganzados Woody Harrelson e Jeff Bridges foram hilariantes, assim como a insinuação sobre Meryl Streep ser nomeada todos os anos para preencher o seu lugar entre as outras candidatas, os olhares invejosos trocados com George Clooney, entre tantos outros momentos. A presença dos jovens actores de High School Musical e da saga Crepúsculo é que são estranhas e podem apenas ser explicadas pela caça às audiências. O que é que aqueles manjericos estavam a fazer ali, quando não fizeram ainda nada que merecesse a sua presença entre os melhores? Peço desculpa à Kristen Stewart, que eu muito admiro pelas suas performances em "Sala de Pânico" (em que interpreta a filha de Jodie Foster) e naquelas tórridas cenas de "Into the Wild - O Lado Selvagem"... Foi uma das minhas paixões de adolescência...

Fiquei incrivelmente decepcionado por terem cortado os momentos musicais. Era muito melhor terem reduzido as apresentações aos 10 nomeados para melhor filme e terem deixado os cantores nomeados interpretarem as suas canções. Além disso, não permitirem a todos os vencedores dizerem as suas palavras de vitória na televisão parece-me falta de respeito para com pessoas que estão a viver um dos momentos mais importantes das suas carreiras. Sim, eles depois gravaram os seus discursos completos nos bastidores, os quais foram expostos na Internet... Mas sinceramente... É uma falta de tudo. Nem nos Globos de Ouro cortam o piu às pessoas de forma tão descarada.

Continuando, entre os pontos altos incluo a incrível cena de bailado para a apresentação dos nomeados para Melhor Banda Sonora. Fiquei rendido. Aqueles artistas eram mais talentosos que muita gente naquela plateia. Depois, o discurso de Sandra Bullock teve todos os ingredientes: respeito para com as outras nomeadas, humor (com as suas referências ao beijo trocado com Meryl Streep), e sensibilidade e bom senso. Jeff Bridges já merecia aquele prémio há imenso tempo e a forma descontraída com que subiu ao pódio e aceitou o prémio, saboreando todo o momento não podia ser melhor.

Finalmente, pena por "Up in the Air - Nas Nuvens" não ter vencido nada. Merecia pelo menos o Melhor Argumento, que "Juno" venceu há dois anos. E Parabéns ao espectacular Christoph Waltz! Aquilo é que é um actor! Muito merecido!

quarta-feira, 3 de março de 2010

It's Complicated - Amar... É Complicado!


Olá! Bem, decidi aproveitar uma das poucas vezes em que vejo o filme antes de toda a gente para partilhar convosco a experiência. Claro que só venho falar da dita experiência dois séculos depois de a ter vivido. O estado da minha psique não tem dado para mais. Venci um passatempo da Bertrand que me concedia dois bilhetes para a antestreia do "Amar... É Complicado!", protagonizado por Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin. Este filme foi nomeado para três globos de ouro (melhor filme de comédia, melhor actriz de comédia e melhor argumento) e foi escrito e realizado por Nancy Meyers, a criadora de um dos meus personal favourites: "Something's Gotta Give - Alguém tem que Ceder".

Numa sala de cinema quase cheia, as gargalhadas sucediam-se a um ritmo perfeito ao longo de todo o filme. Nenhum dos momentos mais divertidos nos parecia forçado ou simplesmente falso. E isso deve-se aos veteranos que estavam por detrás das personagens principais e ao argumento desta senhora que parece ter descoberto a receita da comédia romântica ideal.

Durante a cerimónia de graduação do filho, Jane (Streep) e Jake (Baldwin), divorciados durante 10 anos, decidem comemorar e a coisa acaba em pinocada. Jane fica transtornada por, após tantos anos sem qualquer relação acabar por se tornar a amante do seu ex-marido, que se encontra casado com uma mulher muito mais nova (Lake Bell), incrivelmente dominadora e obcecada em engravidar. Claro que as idas à clínica de fertilidade acabam por ser frustrantes para o cinquentão que só queria ir para a cama com uma chavala sexy, virando novamente as suas atenções para a renovada e rejuvenescida ex-mulher. Entretanto, um novo interesse amoroso surge na vida de Jane, Adam (Steve Martin) - o arquitecto que Jane contratou para lhe construir a cozinha dos seus sonhos. As peripécias vão-se sucedendo de forma imparável e as coisas ficam tão descontroladas que acabam por atingir a beira do abismo e Jane é forçada a tomar uma decisão.

Se me perguntarem se este filme é melhor que o "Alguém tem que Ceder", a minha resposta é obviamente não, mas também não é necessariamente pior. É decididamente muito bom e incrivelmente divertido. Não pelo conteúdo da história, mas pela qualidade e talento de todos os envolvidos. Os actores principais já têm tantos anos de experiência que as suas interpretações são deliciosamente descontraídas e perfeitas. Até Steve Martin, cuja imagem estava tão poluida por inúmeras personagens ridículas e histéricas, consegue neste filme uma das suas melhores e mais credíveis performances. E não nos esqueçamos dos que não são veteranos: John Krasinski (o Jim da versão americana da série "The Office" e protagonista de "Away we Go" que estreará este ano em Portugal), que interpreta o genro de Meryl e Baldwin, é dono de algumas das cenas mais hilariantes do filme.

De resto, o filme só perde alguns pontos pela visão idealista da realizadora. Tudo é perfeito. A casa perfeita, as roupas perfeitas, o jardim e a horta perfeita. Não há desarrumação, nódoas, ervas daninhas ou fruta podre. Como é que uma mulher solitária consegue tratar do seu negócio, da horta e da casa sem qualquer ajuda?... Mas isto já são mesquinhices num filme que pretende apenas entreter-nos e cumpre a sua missão com grande qualidade e alguma frescura, permitindo que o romance e a aventura também aconteça a quem já deixou a juventude e a beleza para trás.



P.S.: Não tentem beijar alguém e tossir ao mesmo tempo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Great Expectations - The Ghost Writer


Recentemente, falei-vos num dos livros do escritor Robert Harris - "POMPEII". Agora, venho falar-vos, não de outro livro dele, mas de uma adaptação cinematográfica de um dos seus livros. Como eu referi da última vez que falei dele, Robert Harris escreveu "Pompeii" e também a sua adaptação cinematográfica e ofereceu-a a Roman Polanski (oscarizado por "O Pianista"). Acontece que eu li este livro sem saber que se tratava da história que Polansky tentou adaptar ao grande ecrã, com Scarlett Johanson e Orlando Bloom, e não conseguiu... Só depois, quando pensei em fazer alguma pesquisa sobre o escritor, para descobrir outros livros dele, é que descobri que "Pompeii" de Robert Harris e o filme "Pompeia" de Polanski, eram exactamente a mesma coisa.

Tal como eu também referi da última vez, esse filme não foi para a frente por causa da greve dos actores. Então, escritor e realizador viraram as suas atenções para outro projecto supostamente mais... concretizável! Tratava-se da adaptação de outro dos livros de Harris - "The Ghost Writer". Entretanto, Polanski foi preso em Setembro de 2009 e as filmagens adiadas por tempo indeterminado.


Pois bem... Recentemente fui surpreendido ao ver os últimos trailers a serem lançados no site da Apple, quando descobri o trailer de "The Ghost Writer". Acontece que, ao contrário do que eu tinha lido na Internet, afinal o filme nunca tinha sido adiado. Quando Polanski foi preso, o filme já estava em Pós-Produção e esta manteve-se em marcha, mesmo com o realizador preso. Mesmo por trás das grades, Polanski acompanhou todos os passos do filme e determinou todas as decisões artísticas. Em Portugal, o filme ainda nem é falado, nem tem data marcada, mas já estreou na Berlinale, apresentando-se como o filme preferido para vencer a competição, sendo que as críticas foram largamente positivas.


Afinal, de que trata este filme, para ser tão importante?


A história que Robert Harris escreveu teve como inspiração o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair para protagonista. Assim, a história começa quando The Ghost, interpretado por Ewan MacGregor ("Trainspotting", "Moulin Rouge!", "Anjos e Demónios") aceita completar as memórias do ex-primeiro ministro Adam Lang, interpretado por Pierce Brosnan (saga 007, "O Caso Thomas Crown","Mamma Mia"), sendo que o seu predecessor que tinha morrido num acidente. Inicialmente, esta parece a oportunidade de uma vida. Contudo, abre-se uma polémica mediática que liga Adam Lang à CIA e a crimes de guerra e The Ghost acaba por se aperceber que o projecto não é o que parece, acabando por descobrir segredos que colocarão a sua própria vida em risco, sendo necessário descobrir o manuscrito original do antigo escritor. Para completar o elenco, temos ainda Kim Cattrall, (a Samantha de "O Sexo e a Cidade") que interpreta a assistente e amante de Lang; Timothy Hutton ("The Good Shepherd"; "Kinsey" e oscarizado por "Ordinary People" em 1980), que interpreta o advogado americano de Lang; e Tom Wilkinson ("Michael Clayton", "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", "Shakespeare in Love"), como professor de Direito em Harvard, suspeito de pertencer à CIA.
Aguardemos com antecipação...
Deixo-vos aqui o link do trailer no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=L_AerBW0EcI
Link para a notícia no CineCartaz do Público: http://cinecartaz.publico.clix.pt/noticias.asp?id=250562

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Invictus


Olá Pessoal!

Ainda não fui ver o "The Hurt Locker - Estado de Guerra", como prometi, mas tive a sorte de ser convidado na semana passada a ir ao cinema para ver o magnífico "Invictus". Eu até estava um bocado reticente, por causa de todo o trabalho que tinha pendente: estágios, projectos de investigação, recensões críticas de artigos científicos,... são coisas que não se fazem em duas horas e tinham que ser todas superadas até ao final da semana. Ainda assim, decidi que dormir menos umas horas e ir a cinema só me ia fazer bem ao espírito - e estava correcto. Não me arrependi minimamente.

Há anos que não saía tão satisfeito do cinema. Saí daquela sala com uma gloriosa sensação de alegria e esperança. Sabendo que se trata de um filme que retrata um país, uma História e uma cultura completamente diferente da americana, com um tema tão frágil como o racismo e o Apartheid, com uma personagem histórica tão célebre como é Nelson Mandela e uma abordagem sobre tudo isto tão invulgar como o Rugby, era mais que razoável todos nós pensarmos que Clint Eastwood se estava a aventurar em águas desconhecidas e corria o risco de se perder algures e naufragar. Tal não se verificou. De todo! Realizou todo um filme com uma beleza e simplicidade que apenas ele consegue.

Morgan Freeman, que venceu o seu primeiro oscar com "Million Dollar Baby", também rodado por Clint Eastwood, após três nomeações ("Street Smart"; "Driving Miss Daisy"; "The Shawshank Redemption"), interpretou neste filme o papel de uma vida. Quantos actores não desejariam estar nos pés dele? Nenhum estaria à sua altura. Ao longo do filme, esquecemo-nos de que aquele é o actor e vemo-lo apenas como o sábio e pacifista Nelson Mandela. Trata-se de uma interpretação totalmente irrepreensível. O meu pai bem dizia, sempre que o via nalgum filme, que Morgan Freeman teria que interpretar Nelson Mandela um dia. Ele tinha razão.

Após sair em liberdade da prisão, receber o Prémio Nobel da Paz com o presidente Frederik de Klerk (que ordenou a sua libertação) e ser eleito presidente da África do Sul através de eleições democráticas, Mandela deparou-se com um país fraccionado, com negros pobres e brancos ricos, e muita raiva latente. Mandiba, como era apelidado carinhosamente pelos seus seguidores, sabia que não podia seguir o exemplo das outras colónias africanas (como Angola e Moçambique), que expulsaram os seus colónos e se viram abandonados à miséria. Tal como aprendera na prisão, não era com a raiva e a vingança, pelas crueldades que tinham sido cometidas contra ele e contra o seu povo, que ele conseguiria criar estabilidade no seu país. Era imperativo conseguir o apoio do estrangeiro para que todos os problemas da sua nação pudessem ser resolvidos e isso só poderia ser conseguido com a união de toda a população.

Pressionado para acabar com a equipa de rugby daquele país, os Springboks, Mandela percebeu que isso seria retirar aos brancos um dos seus principais amores. Teria que conseguir, não só manter aquela equipa, que iria participar no campeonato mundial de rugby que decorreria precisamente na África do Sul, mas também fazer com que todo o povo, e não só os brancos, passasse a adorar aquele desporto, contando, para isso, com a ajuda do capitão da equipa - François Piennar - interpretado por Matt Damon ("O Bom Rebelde"; "O Resgate do Soldado Ryan"; trilogia "Bourne").

Matt Damon sofreu uma tremenda transformação física para interpretar este papel, tornando-se num corpulento capitão de equipa de rugby absolutamente credível. Tal como o seu amigo Leonardo DiCaprio já tinha feito em "Diamante de Sangue", conseguiu aprender o dialecto e incorporar o sotaque sul-africano nos seus diálogos na perfeição. Não interpreta o incrível capitão de uma equipa rumo à glória, mas sim o jovem tímido e com defeitos, que encontra nas palavras de Mandela a inspiração que lhe faltava a ele e à equipa para atingirem a vitória.

Clint Eastwood filmou um filme incrível, com uma humanidade e sensibilidade em todas as suas cenas que o transformam numa obra-prima inesquecível. Eu recomendo toda a gente a ir ver este filme e, só depois, a descobrir a história de Mandela e da África do Sul (que ainda hoje tem muitos problemas e dificuldade para ultrapassar). Vemos o evoluir de toda uma sociedade ao longo de um campeonato de rugby, enquanto valores como a tolerância e o amor vão superando as barreiras do ódio e da vingança, culminando num tremendo clímax em que a vitória de uma equipa de rugby simboliza também o triunfo da paz e da razão sobre o racismo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Trailers

Olá pessoal!
Decidi compartilhar com todos os interessados os trailers e histórias de alguns dos filmes menos conhecidos, mais nomeados para os oscares deste ano.
Em primeiro lugar, deixo aqui o trailer de "The Hurt Locker - Estado de Guerra", nomeado para 9 oscares, incluindo melhor filme, melhor realizadora (Katherine Bigelow é a 3ª mulher a ser nomeada nesta categoria), melhor argumento original e melhor actor principal. Este filme é o retrato de soldados de elite, num dos trabalhos mais perigosos do mundo - desarmar bombas em pleno combate, na guerra do Iraque. O protagonista é um novo sargento sem qualquer medo da morte, que com a sua personalidade destemida, acaba por alterar a vida dos seus subordinados, enquanto cumprem a sua função numa cidade que rebenta em caos.
"A Single Man" tem como protagonistas a espectacular Julliane Moore e Colin Firth, o qual foi nomeado para melhor actor principal, interpretando um professor de Inglês homossexual que depois do seu parceiro morrer tenta regressar à sua vida normal em Los Angeles.
"Precious: Based on the Novel 'Push' by Sapphire" foi nomeado para seis oscares, incluindo melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado, melhor actriz principal e melhor actriz secundária. Conta-nos a história de sobrevivência e coragem de uma rapariga de 16 anos, afro-americana, residente num bairro nova iorquino com a sua família disfuncional, iliterada, obesa, violada e engravidada duas vezes pelo próprio pai, que consegue finalmente mudar o rumo da sua vida. http://http://www.youtube.com/watch?v=b5FYahzVU44


Finalmente, partilho convosco o trailer do último filme dos irmãos Joel & Ethan Cohen, vencedores do oscar pelo brilhante "Este País Não é Para Velhos", tendo feito também "Fargo" e "Burn After Reading". Com este "A Serious Man", foram nomeados para melhor filme do ano e melhor argumento original. É uma comédia negra, passada em 1967, que conta a história de um professor de Física que procura clarividência num universo de problemas, quando a sua mulher se prepara para o deixar, trocando-o por um homem "mais interessante", o irmão desempregado é um fardo cada vez mais pesado, a filha lhe rouba dinheiro e o filho é um tipo desordeiro e problemático.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Oscares 2010 - Nomeações

Exactamente às 5h35 da madrugada, na costa oeste dos EUA, 13h35 em Portugal continental, Anne Hathaway - nomeada ao oscar de melhor actriz em 2009 pelo filme "Rachel Getting Married" de Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes, Filadélfia) - deu a conhecer as nomeações para a cerimónia dos oscares de 2010.
Avatar obteve um total de 9 nomeações, especialmente nas categorias mais técnicas, não ultrapassando as 14 de Titanic (venceu 11), uma vez que não obteve nomeação para melhor argumento original (algo que me parece injusto, mas aceitável... se é que me faço entender) nem para nenhum dos seus actores, que aparecem a maior parte do tempo substituídos pelos seus avatares digitais.
Finalmente, um filme animado obtém o devido reconhecimento (graças ao aumento do número de nomeações), sendo que "Up", da Pixar, foi nomeado não só para melhor filme de animação (que vai ganhar indubitavelmente) mas também para melhor filme do ano. Michael Giaccino foi nomeado pela banda sonora que compôs para este filme, tendo já vencido o globo de ouro.
Star Trek, que era também apontado como um dos melhores filmes do ano, foi apenas nomeado para as categorias técnicas, mas pode rir-se à grande na cara dos seus rivais. Apesar de Avatar não lhe deixar qualquer hipótese de vencer, o excelente Star Trek foi o único blockbuster de Verão a ver-se reconhecido por todas as categorias de efeitos especiais, com 4 nomeações.
"The Hurt Locker - Estado de Guerra", que eu deverei ver assim que tiver tempo, realizado por Katherine Bigelow, compete com o "Avatar" do ex-marido James Cameron, também com 9 nomeações nas principais categorias. O grande "Inglourious Basterds - Sacanas Sem Lei" também é um rival de tremendo peso, com 8 nomeações; "Up in the Air - Nas Núvens" teve 6 nomeações pelas cobiçadas categorias principais: filme, realizador, argumento, actor e actrizes.
A nomeação para melhor filme do "The Blind Side" apanhou-me de surpresa, pois pensava que fosse um filme feito para a Sandra Bullock brilhar. Porém, pelos vistos, este filme foi um sucesso por mérito próprio e não apenas pela actriz que se arrisca a levar uma estatueta para casa.
District 9 talvez tenha sido a maior surpresa. Quando o vi, como podem ler na minha crítica, a conclusão a que cheguei é que o filme seria ou a maior tonteira de todos os tempos, ou apenas um dos filmes mais originais e criativos que eu já tinha visto. Aparentemente, era a segunda opção. Nomeado para melhor filme do ano, melhor argumento adaptado, melhor montagem e melhores efeitos especiais. Quem diria? Eu não...
"Precious...", o precioso filme que a Oprah disse aos EUA que era um dos melhores filmes da sua vida, teve nomeações para as suas duas actrizes principais (Mo'Nique já ganhou o globo de ouro) e arrisca-se a ganhar outras 4 estatuetas, incluindo melhor filme, argumento e realizador.
"Nine" foi nomeado precisamente para aquilo que eu pensava, apesar de achar que Marion Cotillard merecia tanto ou mais uma nomeaçãosita como a que a nossa Penélope Cruz recebeu. Foi um filme que "queria" muito ser um dos melhores do ano e terá que se contentar com as categorias artísticas e técnicas para que foi nomeado.
Estou também contente por não se terem esquecido do "Sherlock Holmes" (que ainda não fui ver...) com 2 nomeações, e se terem lembrado do muito ignorado "The Imaginarium of Doctor Parnassus" também com 2 nomeações. Este foi um filme que quase não viu a luz do dia (ou dos projectores) por causa da morte do seu actor principal durante a rodagem do filme - Heath Ledger. Claro que o realizador desvairado Terry Gilliam teve a excelente ideia de usar Johnny Depp, Collin Farrel e Jude Law a interpretar a mesma personagem nas cenas que ainda faltava rodar. Anseio pelo dia em que vou ver a nova loucura deste ex-Monty Python, que já nos deu filmes como "Delírio em Las Vegas", "12 Macacos", entre outros...
Os grandes derrotados terão sido "2012", que não obteve uma única nomeação, apesar da perfeição técnica; "The Lovely Bones" de Peter Jackson, que ele fez com muito amor e carinho a pensar nos oscares e apenas foi nomeado para a categoria de melhor actor secundário pela prestação do excelente Stanley Tucci no papel de psicopata que mata a protagonista que nos conta a sua história; "Transformers" e "Harry Potter", apenas uma nomeação cada um.
Queria ainda referir que apesar de James Horner (tal como em "Titanic") ter recebido uma nomeação pela sua excelente banda sonora para "Avatar", tenho muita pena que a cantora Leona Lewis não tenha também sido reconhecida pelo seu "I See You", tal como Céline Dion com "My Heart Will Go On". Mas se pensarmos bem na coisa, o mundo já se fartou da música da Céline Dion e o "I See You" da Leona Lewis é uma música bonita, mas da qual nos esquecemos facilmente...

Oscares 2010 - Nomeações

Melhor Filme:
-An Education
-A Serious Man
-Avatar
-District 9
-Inglorious Basterds - Sacanas sem Lei
-Precious: Based on the Novel "Push" by Sapphire
-The Blind Side
-The Hurt Locker - Estado de Guerra
-Up
-Up in the Air - Nas Núvens
Melhor Filme de Animação
-Coraline
-Fantastic Mr. Fox
-The Princess and the Frog - A Princesa e o Sapo
-The Secret of Kells
-Up
Melhor Realização
-Avatar - James Cameron
-Inglorious Basterds - Quentin Tarantino
-Precious: Based on the Novel 'Push' by Sapphire - Lee Daniels
-The Hurt Locker - Katherine Bigelow
-Up in the Air - Jason Reitman
Actor Principal
-Jeff Bridges (Crazy Heart)
-George Clooney (Up in the Air)
-Colin Firth (A Single Man)
-Morgan Freeman (Invictus)
-Jeremy Renner (The Hurt Locker)
Actriz Principal
-Sandra Bullock (The Blind Side)
-Helen Mirren (The Last Station)
-Carey Mulligan (An Education)
-Gabourey Sibide (Precious...)
-Meryl Streep (Julie and Julia)
Actor Secundário
-Matt Damon (Invictus)
-Woody Harrelson (The Messenger)
-Christopher Plummer (The Last Station)
-Christoph Waltz (Inglorious Basterds)
-Stanley Tucci (The Lovely Bones)
Actriz Secundária
-Mo'Nique (Precious...)
-Penélope Cruz (Nine)
-Vera Farmiga (Up in the Air)
-Anna Kendrick (Up in the Air)
-Maggie Gyllenhaal (Crazy Heart)
Melhor Argumento Original
-The Hurt Locker (Mark Boal)
-Inglorious Basterds (Quentin Tarantino)
-A Serious Man (Joel & Ethan Cohen)
-Up (Bob Peterson, Pete Docter e Tom MacCarthy)
-The Messenger (Alessandro Cammon, Oren Moverman)
Melhor Argumento Adaptado
-District 9 (Neill Blomkamp e Terry Tatcher)
-Up in the Air (Jason Reitman e Sheldon Turner)
-Precious... (Geoffrey Fletcher)
-An Education (Nick Hornby)
-In the Loop (Jessey Armstrong, SImon Blackwell, Armando Iannucci, Tony Roche)
Direcção Artística
-Avatar
-The Imaginarium of Doctor Parnassus
-Sherlock Holmes
-The Young Victoria
-Nine
Guarda Roupa
-Bright Star
-Coco Before Channel
-Nine
-The Imaginarium of Doctor Parnassus
-The Young Victoria
Fotografia
-Avatar
-Harry Potter and the Half Blood Prince
-The Hurt Locker
-Inglourious Basterds
-The White Ribbon - O Laço Branco
Montagem
-Avatar
-District 9
-The Hurt Locker
-Inglourious Basterds
-Precious...
Maquilhagem
-Star Trek
-Il Divo
-The Young Victoria
Montagem de Som
-Star Trek
-Inglourious Basterds
-Avatar
-Up
-The Hurt Locker
Som
-Transformers - The Revenge of the Fallen
-Avatar
-Star Trek
-The Hurt Locker
-Inglourious Basterds
Efeitos Visuais
-Avatar
-Star Trek
-District 9
Curta-Metragem de Animação
-The French Roast
-Logorama
-A Matter of Loaf and Death
-The Lady and the Reapper (La Dama y La Muerte)
-Granny O'Grimm's Sleeping Beauty
Curta-Metragem de Imagem Real
-The Door
-Kavi
-Instead of Abracadabra
-Miracle Fish
-The New Tenants
Documentário (Longa-metragem)
-Burma VJ
-The Cove
-Food, Inc.
-The Most Dangerous Man in America: Daniel Hellsberg and the Pentagon Papers
-Which Way Home
Documentário (Curta-metragem)
-China's Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province
-The Last Campaign of Governor Booth Gardner
-The Last Truck: Closing of a GM Plant
-Music by Prudence
-Rabbit à la Berlin
Melhor Filme de Língua Estrangeira
-The White Ribbon
-Un Prophète
-The Milk of Sorrow
-El Secreto de Sus Ojos
-Ajami
Música
- Nine - "Take it All"
-The Princess and the Frog - "Down in New Orleans"
-The Princess and the Frog - "Almost There"
-Crazy Heart - "The Weary Kind"
-Paris 36 - "Loin de Paname"
Banda Sonora

-Avatar - James Horner
-Fantastic Mr. Fox - Alexandre Desplat
-Sherlock Holmes - Hans Zimmer
-The Hurt Locker - Marco Beltrami e Buck Sanders
-Up - Michael Giaccino

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Up in the air - Nas Nuvens


Hoje, parece que tirei o dia, inconscientemente, para abraçar a doce melancolia, como se tivesse saudades dela... Comecei a manhã a estudar a razão por que o grupo sanguíneo (AB0, Rh) pode ser responsável pela morte de bebés ainda no útero da mãe ou por graves danos no seu desenvolvimento. Ao almoço, descobri que um dos meus filmes preferidos estava a dar na televisão e, sabendo que a melancolia vinha aí, deixei-me estar a vê-lo na mesma - "Antes do Anoitecer". É implacável. Atinge-me o nervo da melancolia sempre que o vejo. Depois fui para o estágio, cumprir a minha rotina rotineira e, finalmente, fui ver o filme sobre o qual venho falar, com dois grandes amigos meus, que mais cedo ou mais tarde deverão ler isto. Agradecido pelo bilhete, pela companhia e por serem vocês. E também tenho que agradecer a outra pessoa pelos 20 minutos de atraso com que entrei no cinema - a minha monitora - que o diabo a leve para o raio que a parta!

"Up in the Air" conta-nos a história de Ryan Bingham, um homem que ganha a vida a despedir pessoas em empresas por todo o país (EUA), quando os patrões são demasiado cobardes para o fazerem. George Clooney interpreta este homem com a maior das naturalidades. Parece um reflexo dele próprio, numa realidade alternativa, em que ganha a vida nesta profissão em vez de fazer filmes e promover Nespresso. Ryan adora esta vida. Desligado de tudo o que o prenda à terra, não é um homem de família, nem sequer tem casa. Passa a vida a viajar de avião, de cidade em cidade, a dormir em hoteis. É assim que tropeça em Alex Goran, uma mulher que parece o reverso feminino dele próprio, ganhando a vida a viajar. Obviamente, a relação entre ambos vai crescendo, deixando de ser uma coisa física, tornando-se lentamente algo mais sentimental, entrando em conflito com o ideal de vida desenraizada que Ryan adora e apregoa. Entretanto, com a chegada da jovem Natalie Keener à sua empresa, Ryan pode deixar de viajar, uma vez que esta acha que a melhor forma de reduzir os custos da empresa é acabando com as viagens de avião de todos os seus trabalhadores e começar a despedir as pessoas por video-conferência. Cabe a Ryan treiná-la para esta função e mostrar-lhe que a tarefa de dizer às pessoas que perderam o seu emprego não é tão fácil e mecânica como ela pensa. Todos reagem de forma diferente, e a forma como eles conseguem ultrapassar tudo isso depende da forma como Ryan e Natalie lhes dão a notícia.

Jason Reitman (que já venceu o globo de ouro pelo argumento deste filme e deverá repetir a façanha nos oscares) é um realizador que já não tem nada a provar ao mundo. Com "Thank you for Smoking", "Juno" (outro dos meus filmes preferidos) e este "Up in the Air" mostrou-nos que consegue retratar os temas mais sensíveis com humor e a devida sensibilidade sem ser melodramático e lamechas. Este homem não faz telenovelas. Mostra-nos vida. Todas as suas personagens são cheias dela. Movem-se com naturalidade. Nada parece forçado. E com a sua banda sonora, é como se estivessem a dançar. Adoro a forma como filma, os enquadramentos. Deixa as personagens respirar. Dá-lhes espaço. A câmara não as tenta comer vivas, apenas as observa.

Vera Farmiga interpreta a personagem de Alex, por quem a personagem de Clooney se apaixona. Esta é uma actriz espectacular, que eu adoro desde que a vi em "The Departed - Entre Inimigos". Vão por mim, com este papel e a forma como ela o conseguiu interpretar, tem uma longa carreira pela frente, ao lado das melhores da sua profissão. Pode muito bem ganhar uns prémios pelo caminho, como o provou a nomeação ao Globo de Ouro de melhor actriz (e quem sabe ao Oscar...). Anna Kendrick, que se tornou conhecida com os filmes da saga "Twilight", que interpreta Natalie em "Up in the air", nunca é ofuscada pelo protagonista, com quem contracena ao longo de todo o filme. É o retrato perfeito dos jovens adultos, actualmente, altamente inteligentes e formados academicamente, mas em colisão com o mundo, pela falta de experiência e pelo desmoronar das nossas expectativas. Jason Reitman trouxe-nos novamente os excelentes actores Jason Bateman ("Juno", "Hancock", "Arrested Development"), que interpreta o patrão de Ryan e Natalie; e J. K. Simmons ("Homem Aranha 1, 2, 3; "Juno"; "Burn After Reading"), como um dos muitos homens que perdem o emprego.Acrescento ainda que achei extremamente corajoso terem pedido a verdadeiros cidadãos desempregados para interpretarem o momento em que as suas personagens perdem o emprego. Não há uma única gota de representação nas caras daquelas pessoas. É impressionante pela coragem que elas tiveram, submetendo-se a reviver aquele momento, e pela de quem fez o filme e as convidou a participar. As músicas da banda sonora são perfeitas para o tom da história e a última canção a passar nos créditos finais... bem que merecia uma nomeaçãozita ao oscar de melhor música. Quando a ouvirem, perceberão porquê.
Fiquei melancólico porque Jason Reitman fez um excelente trabalho. Cada um de nós identifica-se com cada uma daquelas personagens. Com o solteirão bem-sucedido que se apaixona e apercebe-se da sua solidão. Com a jovem licenciada que tem o seu primeiro emprego e é confrontada com a realidade. Com a mulher que apenas procura um escape da realidade. E eu que, quando terminar o meu curso, corro o risco de fazer parte dos 50% de desempregados da Geração Zero, identifico-me com cada uma daquelas pessoas que de repente, sem aviso, se sentem completamente perdidas, sem saberem como manter as suas vidas a flutuar sobre a água.

Este é, sem dúvida alguma, um dos melhores filmes do ano. Não o percam.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=_m-Da8Tz4_E

Cena do filme: http://www.youtube.com/watch?v=HXIbS1mVXUo&NR=1

Site Oficial (onde podem obter as músicas do filme): http://www.theupintheairmovie.com/

domingo, 24 de janeiro de 2010

Nove - Nine


Oi Pessoal!

Ando a tentar actualizar-me nos filmes que ultimamente têm assaltado os nossos cinemas e esta semana que agora terminou fui ver o último filme de Rob Marshall, vencedor do oscar de melhor filme e melhor realização por "Chicago" (algo que actualmente é considerado uma das maiores injustiças de sempre na atribuição destes cobiçados prémios) e também realizador do interessante "Memórias de uma Gueixa".

Este senhor tem muita habilidade no que diz respeito a abrilhantar as performances dos seus actores e, verdade seja dita, os seus filmes são extremamente agradáveis ao olho (algo que se deve agradecer mais ao director de fotografia do que ao realizador). Os cenários parecem tirados de postais turísticos, extremamente bem iluminados, coloridos e brilhantes, o guarda roupa é sempre deslumbrante e o elenco é composto maioritariamente por gente gira. "Nine" é o exemplo perfeito do que acabei de descrever. Raramente se encontra um filme tão bem filmado, com tantas actrizes lindíssimas (Oh, Meu Deus, até faz doer o coração ver sem poder tocar. LOL) e tudo tão bem filmado e iluminado. Dá realmente vontade de visitar Itália.

"Nine" é a história de um realizador italiano, Guido, interpretado por Daniel Day-Lewis ("Haverá Sangue", "O Meu Pé Esquerdo", "Em Nome do Pai", "Gangs de N.Y.", etc...), considerado o melhor artista cinematográfico deste país, que se encontra numa terrível crise pessoal e criativa, não conseguindo corresponder às expectativas que todos têm sobre ele, nem preparar um filme que deverá começar a filmar dentro de poucos dias. Ao longo do filme, percebemos que o seu problema principal, como o da maior parte dos homens à face da Terra, prende-se com o seu relacionamento com as mulheres. Vamos, portanto, ao longo do filme, conhecendo as mulheres da sua vida - a esposa, interpretada por Marion Cotillard ("La Vie en Rose" e "Inimigos Públicos"); a amante, interpretada pela Penélope Cruz ("Vicky Christina Barcelona", "Volver", "Vanilla Sky"/"Abre Los Ojos", ...); a mãe, Sophia Loren (eterna diva do cinema italiano, vencedora do oscar por "La Ciociara" em 1960); a musa dos seus filmes, Nicole Kidman (Moulin Rouge, As Horas, Austrália); a directora artística dos seus filmes e amiga, Judi Dench (vários "007" no papel de M, "Notes on a Scandal", "Pride and Prejudice", "Shakespeare in Love, ...); a atraente jornalista americana, Kate Hudson (maravilhosa em "Quase Famosos" e subvalorizada em montes de comédias românticas...) e, finalmente, a rapariga que o despertou para as maravilhas do sexo oposto, Fergie (vocalista dos Black Eyed Peas, já tendo participado em "Poseidon").

Pois, muito bem, uma história destas, bem contada, podia dar um grande filme. Nem que fosse uma grande comédia. Contudo, Rob Marshall concentrou-se tanto em fazer um filme bonito com gente bonita, que se esqueceu que estava a contar uma história. A verdade é que as cenas musicais interrompem o fio narrativo, em vez de contribuirem para acção. Sempre que alguém canta, a acção pára e temos cinco o mais minutos de música e dança. Eu não sou um apreciador do "Chicago", mas pelo menos, nesse filme, a música fazia parte da acção. Neste, as cenas musicais apenas servem para representar os sentimentos de cada personagem e a natureza das suas relações interpessoais. Não há uma boa articulação entre as cenas que se dizem "reais" e as "musicais", tornando este filme pobre, com um argumento fraco. Como se perde metade do filme a cantar músicas, algumas delas excessivamente longas, com estrofes que se repetem interminavelmente, as personagens nunca chegam a desenvolver-se o suficiente, nunca se diz o que há para dizer, nunca se faz o que há a fazer.

Seja como for, os actores são, todos eles, espectaculares, sem excepção. Marion Cotillard arrasa com tudo na sua segunda sequência musical "Take it all" e consegue exprimir todo um enorme rol de emoções enquanto canta, de acordo com a sua personagem, o que não é para todos! Nicole Kidman continua lindíssima, mas está subaproveitada, aparecendo só lá para o final. Penélope tem aqui um papel diferente do habitual, sendo uma mulher casada, mas apaixonada por Guido, que não deve muito à inteligência. A sua sequência musical "A Call from the Vatican" é extremamente sensual (e sexual), mas perde-se por ser tão longa. Talvez a mais sexy de todas tenha sido Kate Hudson com o seu "Cinema Italiano" em que canta e dança com uma energia avassaladora e consegue contagiar todos os espectadores com o seu cabelo louro esvoaçante. As veteranas Sophia Loren e Judi Dench são as que cujas sequências musicais menos marcam, possuindo, no entanto, um forte peso dramático no filme. Daniel Day-Lewis é, como em todos os seus filmes, perfeito para este papel, encarnando verdadeiramente a sua personagem. Só é pena que a personagem não seja perfeita para o talento dele... Finalmente, termino com a assombrosa Fergie! Meu Deus, que mulher! LOL. Para mim, a cena em que aparece é a melhor do filme e possui toda a energia e o verdadeiro espírito italiano que o filme pede e não tem. Fergie canta "Be Italian" com uma voz que nunca se ouviu nas músicas dos Black Eyed Peas e tem uma presença carnal naquele palco que nos faz perceber a importância que ela teve na vida de Guido, sendo ele ainda uma criança quando a conheceu. Verdadeiramente poderosa! Pode aparecer em mais filmes se representar sempre assim!

E a cena "Be Italian" interpretado pela Fergie: http://www.youtube.com/watch?v=H5bbuXndMW4&NR=1&feature=fvwp

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

POMPEII - Um romance... Um filme?


Aproveito para vos falar do último livro que acabei de ler. Não digo o último livro que li, porque tenho o estranho de começar vários livros e de os intercalar ao mesmo tempo... Enfim, uma barafunda. Neste momento, tenho "Moby Dick" do grande Hermann Melville (uma obra de peso, com um certo grau de dificuldade na sua leitura...) e "O Quase Fim do Mundo" de Pepetella (ainda só li as primeiras vinte páginas, mas começa muito bem).

Portanto, o livro de que vos vou falar é "POMPEII" de Robert Harris. Esta é a história do jovem engenheiro Marcus Attilius Primus, que é incubido de ir a Pompeia descobrir o que é que está a impedir a água de correr pelo aqueduto "Aqua Augusta" por várias cidades, incluindo aquela em que está colocado. A história passa-se nos dias anteriores à erupção do monte Vesúvio, em 24 de Agosto de 79, ano em que nenhum romano imaginava que aquela oponente montanha era de facto um vulcão prestes a rebentar. O que torna esta história interessante é a forma como tudo nos é apresentado. Passo a explicar.

Robert Harris é um jornalista e, como tal, fez uma extensa pesquisa para escrever esta incrível história com a maior credibilidade e realismo. Do início ao fim do livro, sabemos o que vai acontecer e o autor espicaça-nos os nervos narrando-nos a história de personagens fictícias (à excepção do grande Plínio) que não fazem ideia do perigo que estão a correr. Ao contrário do que eu penso dos livros de José Rodrigues dos Santos, o livro tem um ritmo regular e intenso e as personagens são interessantes e prendem-nos à história. Sinceramente, não me interessa se o Professor Tomás Noronha pode ser abatido a tiro. Porém, quando estava a ler POMPEII, quase rangia os dentes temendo o que podia acontecer a Attilius, se ia sobreviver à erupção, se ia ser um mártir ou um herói, se seria capaz de salvar Corelia ou se morreriam ambos, sendo encontrados no século XX enterrados sob as cinzas. Todo tipo de hipóteses ameaçadoras passavam pela minha cabeça, enquanto esfolheava as páginas insanamente. O final não é tão previsível como podem pensar, mas isso deixo ao critério de cada leitor.

O autor escreveu também a adaptação cinematográfica deste livro e ofereceu-a ao espectacular realizador Roman Polansky (vencedor do Oscar por "O Pianista), que recentemente esteve envolvido em polémica quando foi preso na Suíça por ter supostamente abusado de uma menor em 1977, depois da sua mulher grávida, a estrela de cinema Sharon Tate, ter sido brutalmente assassinada pelo clã diabólico liderado por Charles Branson, em Agosto de 1969, enquanto Roman estava ocupado a filmar o "diabólico" "Rosemary's Baby". A vida deste homem também dava um filme tão perturbado e aterrador como os seus próprios filmes... Continuando! Roman Polansky adorou o guião de Pompeia e meteu logo mãos à obra para o levar à grande tela. Como nunca mais regressou aos EUA desde que foi acusado de abuso sexual, também este filme seria rodado na Europa, mais especificamente na Espanha, e custaria cerca de 100 milhões de dólares, transformando-se na produção europeia mais cara de sempre. Até havia rumores de que Orlando Bloom interpretaria Attilius e Scarlett Johanson seria Corelia. Todavia, apareceu a greve dos actores e desistiram do filme. E o guião de POMPEII foi para a gaveta e Roman Polansky, que tinha gostado tanto de trabalhar com Robert Harris, decidiu adaptar outro livro deste escritor "The Ghost", chamando ao filme "The Ghost Writer". Tudo bem até ao momento em que Roman Polansky foi preso em Setembro de 2009 e as filmagens, que contam com Pierce Brosnan e Kim Catrall, tiveram que se adiadas por tempo indefinido.

E pronto! POMPEII daria um excelente filme nas mãos destes dois senhores. Não o duvido. Eu comprei o livro sem saber nada sobre ele. Apenas que se tratava de uma história sobre a erupção do Vesúvio e a destruição de Pompeia. Por mero acaso, comprei por 5 euros um óptimo livro que se lê de um fôlego, aborda temáticas como a escravatura, a homossexualidade, o extremismo religioso, uma deliciosa analogia entre o majestoso Império Romano e os actuais EUA, ambos tão grandiosos e ignorantes do perigo até ao momento em que ele lhes bate à porta, e tantas coisas sobre os romanos daquela época que nós nem imaginávamos, com uma grande credibilidade e uma história verdadeiramente coesa e empolgante. Não se limita a ser a simples história de uma catástrofe! Nem sequer é um dramalhão melodramático! Tem sumo! Enquanto o lia não conseguia deixar de pensar que daria um excelente filme. E quando decidi pesquisar mais coisas sobre o escritor, para ficar a conhecer a sua reputação e outros livros dele, descubro que este foi um dos muitos romances que Quase se transformaram em filmes... Pode ser que um dia Roman Polansky volte a tirar o guião da gaveta e lhe limpe o pó. E pode ser que o Orlando e a Scarlett ainda sejam interessantes e continuem interessados em andar de túnica e sandálias. Que grande filme vai ser! Há-de ser, com certeza!

Great Expectations - Creation!


Pessoal! Eis que apareceu um filme que me meteu a saltar da cadeira e a ansiar pela oportunidade de o ver no cinema (algo que não tenho feito desde Avatar... não por não crer, apenas porque as coisas não estão de feição... Mas pode ser que amanhã vá ver o Nine e tratarei de dar a minha opinião o mais depressa possível!)

Jon Amiel regressou com um grande filme e vontade de dar que falar. Este é um realizador britânico bastante bom, que fez filmes como "The Core-Detonação" com a maravilhosa Hillary Swank, e os geniais Stanley Tucci e Aaron Eckhart (este filme foi um fracasso... o que é uma pena. Até é bom), "Entrapment - A Armadilha" (1999) com uma lindíssima Catherine Zeta-Jones a tornar-se uma estrela e o veterano Sean Connery de quem temos tantas saudades; e "Copycat" (1995) um thriller claustrofóbico e intenso com Sigourney Weaver como uma psicóloga especialista em psicopatas, que sofre de agorafobia (medo do exterior... não consegue sair de casa) após ter sido atacada por um dos seus objectos de estudo.

O filme de que vos falo chama-se Creation e trata precisamente da história de Charles Darwin e como ele chegou à Teoria da Evolução e todos os conflitos interiores (e exteriores) que tais ideias provocaram na sua mente e em todo o mundo. O protagonista, no papel de Darwin, é Paul Bettany (o albino que viram em O Código DaVinci) que depois de ter conhecido a sua esposa em "Uma Mente Brilhante" volta a contracenar com ela neste filme. Estamos a falar da igualmente brilhante Jennifer Connelly(vencedora do Oscar pelo filme anteriormente referido).

Assim, deixo-vos o link para o trailer deste filme que promete ser um regalo para todos os amantes da cîência e da natureza:

http://www.youtube.com/watch?v=l3VOa2F_BzM

sábado, 16 de janeiro de 2010

Avatar - Billion Dollar Baby 2 - The Monster is Rising!

Bem, pessoal. O meu último post já está desactualizado. É oficial: Avatar já derrutou toda a concorrência e aproxima-se cada vez mais de Titanic. A nível mundial já ultrapassou os 1400 milhões de dólares, acercando-se dos 1800 milhões atingidos por Titanic. É obvio que há 12 anos atrás os bilhetes eram mais baratos e não se pagavam óculos 3D, mas na altura, os filmes também não eram tão caros. Titanic também foi o mais caro da sua época e Avatar custou provavelmente o dobro ou mais (não se conhecem os valores de produção deste filme, variando entre os 25o e os 500 milhões, conforme as fontes).

Além disso, o argumento do filme foi publicado na Internet! O guião escrito por James Cameron está assim à disposição de todos, cheio de cenas que nem aparecem no filme, começando logo por uma cena inicial, diferente daquela a que tivemos acesso nos cinemas, mas que provavelmente poderemos ver em DVD, e uma cena de sexo entre os dois protagonistas, que também foi cortada do filme, permitindo que aquele momento fosse mais íntimo para as duas personagens, uma vez que a polémica à volta de tal momento entre duas criaturas extraterrestres provocaria uma polémica que desviaria a atenção dos espectadores da história.
Além disso, tal como acontece em todos os filmes que atingem valores recordes de bilheteira, os boatos e polémicas à volta do filme multiplicam-se. Enquanto que The Dark Knight - O Cavaleiro das Trevas era criticado por se aproveitar da morte de Heath Ledger para o atingir o sucesso (apesar de hoje já toda a gente estar de acordo que o filme é bom por mérito próprio), Titanic por desonrar a memória de algumas das personagens reais do filme (como a do capitão) e pelo grito de vitória de James Cameron quando recebeu o Oscar "I'm the king of the world", imitando a personagem de Leonardo DiCaprio no filme, os filmes d'O Senhor dos Anéis por transformarem a visão de J. R. R. Tolkien numa amálgama de efeitos-especiais, Avatar é acusado de plágio por todo o mundo, de fazer mal às crianças por causa da tecnologia 3D e à violência visual de certas imagens (algumas criaturas são realmente assustadoras e a batalha é brutal), e... oiçam o rufar dos tambores... de causar depressão e ideias suicidas nos seus espectadores.

Pois eu digo-vos que não podia sair mais satisfeito e bem-disposto deste filme. Claro que quem diz que ficou deprimido, o explicou por desejar intensamente viver num mundo como Pandora, visto que a realidade parece muito menos brilhante do que aquele mundo que vemos no écrã. E quem se quis suicidar, era por achar que seria a única forma de re-acordar num mundo completamente novo, como o de Avatar. Ora, como dizia o outro, não existe má publicidade. Tudo é desculpa para se falar de um bom filme e enquanto ninguém se esquecer dele, há-de haver público a encher as salas. Agora, sejamos razoáveis - James Cameron não tem culpa que pessoas que claramente sofrem de distúrbios mentais vejam o filme e queiram habitar nele. O que eu não vejo é esse pessoal a viajar para a Amazónia ou para Costa Rica, onde o habitat é o mais semelhante que há na Terra com o que vemos no filme. Se queriam tanto ir viver lá, sempre podiam ir para as selvas que nós temos no nosso planeta. Porém, toda a gente sabe que lá não teriam o conforto das cadeiras de cinema e um balde de pipocas no colo.


Vão ver o filme, que é bom, e tenham acesso ao que Cameron vos quis dar - uma experiência incrivelmente realista num planeta inexistente e uma história cheia de emoção - "pelo preço de um bilhete de cinema". Nós próprios somos os avatares do filme: entramos dentro do filme, sem corrermos risco de vida.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Avatar - Billion Dollar Baby!


Caríssimos fãs do último filme de James Cameron, é com enorme agrado que informo que em apenas 3 semanas, Avatar alcançou os mil milhões de dólares a nível mundial, tornando-se o quarto filme mais visto de sempre, de acordo com a sua produtora, a 20th Century Fox.

Atrás deste filme estão "Titanic" (1800 milhões), "O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei" (1120 milhões) e "Piratas das Caraíbas - O Cofre do Homem Morto" (1070 milhões).

Poderá ser possível que se torne o mais visto de sempre, destronando a anterior jóia de James Cameron (Titanic)? E será isso um bom pronúncio para os Oscares, tendo em conta que Titanic arrecadou 11 galardões, de entre 14 nomeações? Esperemos para ver! hihihihi

sábado, 2 de janeiro de 2010

Avatar

James Cameron é um génio! Ontem, fui ver o filme no Cinemacity de Leiria, uma vez que não me dava jeito ir a Lisboa para o poder ver em 3D, como o realizador deste filme pretende que ele seja visto e experienciado pelo público. Está na hora de expandir esta tecnologia por todo o país de uma forma mais abrangente, se faz favor!
Deixem-me fazer-vos um roteiro da viagem. Antes do filme começar, e após visionarmos o trailer do novo filme de Sherlock Holmes, realizado por Guy Ritchie (o ex da Madonna) e protagonizado por Robert Downey Jr. e Jude Law, tivemos direito a uma experiência sensorial promovida pela Vodafone. Aparece uma mensagem no ecran que nos pede que fechemos os olhos e, através do som, somos levados numa viagem de avião, até um desastroso acidente, pelo mar e por uma ilha... Tudo arrepiantemente credível. Até que se ouve a voz de alguém e somos obrigados a regressar à realidade. Ou não! Porque logo a seguir colocamos os óculos (que somos obrigados a limpar à camisa por estarem cheios de dedadas) e o filme começa.
Conhecemos o ex-marine Jake Sully, preso a uma cadeira de rodas e conhecemos o planeta Pandora, cuja beleza visual, repleta de florestas luxuriosas e plantas e seres nunca antes vistos. Ficamos a saber que os humanos pretendem explorar os recursos naturais daquele planeta, algo que entra em conflito com os Na'vi, que vivem em harmonia com a natureza. Ficamos a conhecer as experiências científicas, em que se usam Avatares para explorar aquele novo mundo e conhecer a cultura dos Na'vi.
A beleza dos cenários é deslumbrante. Todas as plantas são incrivelmente realistas. Graças ao 3D entramos naquele enorme mundo de cascatas e desfiladeiros e montanhas suspensas. Ficamos imersos e presos àquele grandioso mundo, que os humanos querem explorar implacavelmente. OS Na'vi, também eles tão realistas e expressivos quanto os actores por detrás deles, são criaturas humanóides de três metros de altura e azuis. James Cameron e a sua equipa fizeram um trabalho irrepreensível ao criarem uma cultura primitiva, inspirada nas de tribos actuais que existem escondidas nas florestas tropicais de todo o nosso planeta. Inventaram uma nova linguagem para eles, deram-lhes rituais, canções, pinturas, vestuário, armas, tudo!
Da mesma forma de Jake Sully se vais apaixonando por aquele planeta e aquela tribo e adquirindo a sua sabedoria e conhecimentos, também nós nos apaixonamos por eles. Ficamos emocionados perante as aventuras dos protagonistas, o desenvolvimento do romance entre Jake e Neytiri e as injustiças e atrocidades que são cometidas pelos da nossa espécie.
James Cameron, há 15 anos atrás, quando ainda mal se falava do aquecimento global, George W. Bush ainda não governava os EUA, ninguém conhecia a Al-Qaeda e não se previa nenhuma (nova) Guerra do Iraque, foi um visionário. Ele pegou nos pecados cometidos pelo homem no passado, durante os Descobrimentos, com o total desrespeito pela natureza e o desprezo pelas tradições das tribos autóctones, e escreveu um épico, como alerta para a humanidade. Nós já cometemos estes erros e continuamos a repeti-los, uma e outra vez! A história passa-se num futuro em que já esmifrámos o nosso planeta até ao tutano e continuamos a fazer a mesma merda, mas noutro planeta. Por isto, eu aplaudo James Cameron pela tentativa que faz por nos dar umas estaladas e nos tentar abrir os olhos.
É claro que, ao longo do filme, nos vamos apercebendo de inúmeras referências a outras histórias e a outros filmes, desde "Danças com Lobos", "Pocahontas" até "Alien". Contudo, a criatividade está lá! Nunca se viu nada assim! É uma experiência avassaladora, muito bem sustentada por um argumento muito bem escrito; personagens credíveis e carismáticas, interpretadas por óptimos actores; cenários majestosos; efeitos especiais topo de gama e uma história envolvente.
Não sei como fazem isto em Hollywood, mas 2009 foi um ano em que cada filme conseguiu superar os anteriores em termos de tecnologia. E terminou em grande com Avatar, que rebentou com a escala e representa uma revolução na experiência de ver filmes no cinema. «Nada será como antes...»
James Cameron pode voltar a gritar que é o rei do mundo (do cinema). Ninguém faz filmes como ele.
Porém, não percam tempo. Têm aqui um dos melhores filmes da primeira década do século XXI. Vão ao cinema e, se puderem, gastem mais um euro ou dois e vejam o filme em 3D.
Visitem também o site oficial: http://www.avatarmovie.com/