quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Single Man

Oi pessoal!
A ver se faço alguma coisa. Tenho andado a ser egoísta, porque vou ao cinema, mas não partilho nada convosco.
Já vi este filme há montes de tempo. Montes mesmo. Vi ainda antes dos oscares, para saber se o Colin Firth tinha sido nomeado por interpretar um homossexual ou por fazer o melhor papel da sua carreira. Felizmente, a resposta é a segunda opção. Colin Firth mostrou finalmente o que valia. Não é apenas o príncipe encantado britânico, ideal para comédias românticas e romances da época vitoriana.
Este filme conta-nos a história de um homem que decide que aquele é o seu último dia de vida. Acompanhamo-lo desde que acorda e segue a sua rotina habitual. E, por alguma razão, algo faz com que aquele dia saiba de forma diferente de todos os outros. Todos os sentidos são captados com toda uma maior intensidade. Arrisca, conhece outras personagens com outros problemas: Um imigrante latino que o tenta engatar em troco de dinheiro, um aluno que ainda não saiu do armário e se vê fascinado pelo professor... Revisita a melhor amiga, com a qual passou os melhores e piores momentos da sua vida. E o fantasma do seu antigo namorado nunca deixa de estar omnipresente. As recordações, o desgosto da sua morte...
Colin Firth interpreta este homem solitário com uma simplicidade indescritível. A sua performance está mais no que ele não diz, nos olhares, nos gestos, nas atitudes que toma.
Tom Ford, enquanto realizador, é muito competente. Este foi o seu primeiro filme, sendo que antes já tinha trabalhado no cinema, mas na parte do guarda-roupa, em filmes como "O Diabo Veste Prada". Com a sua câmara, ele consegue captar com uma tremenda profundidade a importância que cada segundo daquele dia tem para o protagonista. Talvez exagere em determinados "close ups" e segmentos em câmara lenta, mas está lá a devida sensibilidade, a solidão de cada personagem e a necessidade de proximidade e o desespero por humanidade. Nesse sentido, a personagem de Julianne Moore poderá ser a que melhor representa estes sentimentos. Uma mulher rica, divorciada diversas vezes, cujo único homem que ama e sempre amou é o seu melhor amigo gay. Podemos pensar que numa ocasião ou outra, a representação de Moore está exagerada, mas se pensarmos na personagem como uma tia de Cascais, percebemos que ela está perfeita, como sempre.
Finalmente, um apontamento para Nicholas Hoult, o rapazinho que acompanhava Hugh Grant em "Era uma Vez um Rapaz". O miúdo já tem vinte anos e comprova que não é apenas uma estrela infantil, mas que se tornou um actor maduro e capaz de nos surpreender neste filme e nos muitos que hão-de vir.
Este é um filme perfeito para nos mostrar que a homossexualidade existe e não é nenhuma epidemia mortífera. Óptimo para quebrar barreiras e abrir as persianas dos olhos para o mundo. Eles são apenas pessoas, com qualidades e defeitos como qualquer um.

Sem comentários:

Enviar um comentário