sábado, 5 de dezembro de 2009

Surrogates - Os Substitutos


A primeira coisa em que penso quando oiço o título português deste filme é na música de uns desenhos animados da Disney que também se chama "Os Substitutos" (em Portugal e no Brasil). Infelizmente, chama-se "The Replacements" nos países anglosaxónicos, pelo que a associação só tem lógica em Portugal.


"Os Substitutos" é um filme de ficção-científica, protagonizado pelo veterano Bruce Willis e realizado pelo medíocre realizador de "Exterminador Implacável 3 - A Ascenção das Máquinas" (o pior filme da saga e o último em que Schwarzenneger participou), Jonathan Mostow. Willis demonstra neste filme a sua qualidade enquanto actor e não como estrela de acção. A idade dele já pesa, algo que torna este filme ainda melhor. Pena não se dedicar a mais papéis dramáticos como nos filmes de M. Night Shyamallan ("O Sexto Sentido" e "The Unbreakable - O Protegido"). Quem sabe... Ambos estão a precisar de um empurrão nas suas carreiras. Talvez uma nova parceria entre eles fosse benéfica. O público agradecia. Deixo aqui o mote.

Este filme faz lembrar o filme "I, Robot", de Alex Proyas (um realizador que considero um artista, apesar de "Knowing - Sinais do Futuro" - http://joelpearsmoviesandshits.blogspot.com/2009/05/knowing-sinais-do-futuro.html) protagonizado por Will Smith, em 2004. Não só por serem ambos filmes de ficção-científica com robots, mas pela vertente filosófica que ambos têm (o melhor destes filmes) e por serem ambos policiais carregados de suspense, o que os torna absolutamente hipnotizantes. Para acentuar ainda mais as parecenças dos dois filmes, o actor que interpreta o criador dos robots de "I, Robot" e o criador dos Substitutos (Surrogates) é o mesmo - James Cromwell, um óptimo actor que também podemos ver na série "Sete Palmos de Terra - Six Feet Under", e mais conhecido por ser o dono de "Um Porquinho Chamado Babe". Ehehehe.

Numa sociedade em que cada vez mais as pessoas desejam ser perfeitas e belas para sempre, satisfazendo os sete pecados mortais sem consequências, os Substitutos seriam a invenção perfeita. Todas as pessoas podem correr riscos sem sairem da segurança do seu quarto. Ligados "telepaticamente" ao seu substituto, têm todo o tipo de sensações e sentimentos como se estivessem realmente a caminhar pela cidade, a trabalhar, a fazer sexo com quem quisessem, a atirarem-se de edifícios, sem morrerem, sem apanharem doenças, sem sentirem dor... No entanto, existe sempre quem compreenda que as pessoas estão na verdade a viver uma mentira. As pessoas fechadas nos quartos são feias, doentes, incapacitadas... frágeis! E estão viciadas numa vida que não é a sua.

Subitamente, ocorre um crime inimaginável. Alguém conseguiu matar duas pessoas, matando os seus substitutos, quando a empresa que os fabrica afirmava que tal seria absolutamente impossível. Destruir um substituto nunca poria em risco a vida dos seus utilizadores. Bruce Willis é o inspector que vai investigar quem conseguiu cometer tal crime, como e porquê.

Este não é um vulgar filme de acção. As cenas de acção até são poucas e servem apenas para contar a história. O argumento explora a fragilidade do ser humano, as suas fraquezas, o que o leva a desejar ser perfeito e imune, a sua tendência para o vício... As personagens têm uma profundidade dramática superior ao que é habitual em filmes deste género. Superior até ao que vimos em "I, Robot". A personagem de Bruce Willis assenta-lhe que nem uma luva, aproveitando-se das dores da sua idade e da sua maturidade. É como um bom vinho (diz quem é apreciador). LOL

No entanto, é um filme com alguns buracos narrativos... Como é que é possível matar alguém com uma arma que "dispara" um vírus informático contra os substitutos. Percebo a parte em que o substituto morre. Mas não percebo como é que um vírus informático rebenta com o cérebro de uma pessoa. Além disso, os substitutos serem um sucesso tão grande como o filme tenta levar a crer, também não convence muita gente. É verdade que todos nós gostariamos de ter um para viver as mais loucas aventuras em total segurança. Mas poucos de nós teríamos dinheiro para pagar tal comodidade. Nem 90% da população tem dinheiro para um computador. Logo 90% da população ter um robot substituto parece um absurdo. E no filme eles deixam bem acente que os robots não eram de graça...

Contudo, tudo isto são apenas detalhes, num filme que explora uma ideia original e tem coragem de a tornar real. O cinema é uma forma de arte e esta não segue as regras do nosso mundo. Tem apenas como limite a nossa imaginação. E esta pode ir bem longe.

Desafio qualquer pessoa que não tenha medo de filosofar a ver este filme. Vamos todos dar corda aos neurónios e começar a pensar...

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