domingo, 8 de novembro de 2009

Distrito 9


Eis o filme mais estranho dos últimos anos. Um misto de falso documentário com filme de ficção-científica e acção. A premissa é uma das mais originais que assaltaram as nossas salas de cinema recentemente... ou então, não! Mas, seja como for, é inegável que conseguiu renovar e dar lustro a um tema recorrente no cinema e cada vez mais gasto: a invasão alienígena.
A abordagem é a mais improvável: fomos invadidos "sem querer". Porque a nave extraterrestre teve problemas, ficou parada sobre a cidade de Sarajevo e numa tentativa de os ajudar, criou-se na cidade um acampamento onde os alienígenas poderiam ficar a viver até que a nave estivesse em condições de regressarem ao planeta deles. Porém, passam-se 10 anos e nada feito. O acampamento transforma-se num bairro de lata onde a população alienígena já ascende aos milhões, onde existe prostituição, assaltos, homicídios, contrabando, toxicodependência (são viciados em comida de gatos...), todo o tipo de violência e tráfico de armas, as quais os humanos não conseguem usar, mas nas quais têm todo o interesse.
Há que encontrar uma solução, a qual consiste no deslocamento destes alienígenas para um outro acampamento fora da cidade, onde, supostamente, terão mais condições para viver... um pouco como quando os judeus foram forçados a sair daqueles guetos para irem para os campos de concentração. É então que algo acontece ao nosso protagonista (não vou desvendar), que é o homem responsável pelo realojamento destas criaturas semelhantes a gafanhotos gigantes, e o força a aliar-se aos extraterrestres (um deles em especial) para poder sobreviver, enquanto é perseguido pelo próprio governo que o quer sujeitar a experiências que terminarão inevitavelmente com a sua vida.
É pena este filme não optar apenas por uma das modalidades (ou filme ou falso documentário), uma vez que a partir de determinado ponto torna-se demasiado óbvio que já não está nenhum operador de câmara a acompanhar o protagonista nas sua luta pela própria vida. Todavia, tal é compensado por uma boa história, com um argumento razoável (não é muito intimista, mas é mais que suficiente para dar profundidade às personagens e prender o espectador) e um enorme realismo visual, bem servido com uma bela dose de gadgets esquisitos, óptimos efeitos especiais, alguma violência gratuita, humor q.b., e uma imagética poderosa que combina o high tech com os cenários africanos. É estranho vermos extraterrestres tão personificados, sendo que todos eles são diferentes entre si, em termos de visual, caracterização e vestuário, o que talvez diminua o receio relativamente a eles e os torne menos credíveis, ou talvez não... fica dependente da sensibilidade de cada um.
Por isso mesmo, este filme pode ser um dos maiores feitos deste ano, ou a maior fantochada, visto que tanto encontramos espectadores que se riem desalmadamente com falta de credibilidade de tudo, como aqueles que ficam alucinados ao depararem-se com imagens e ideias que nunca lhes passaram pela cabeça em toda a vida.
Eu próprio direi apenas que adorei a abordagem a temas como a discriminação, o racismo, a violência e os poderes ocultos do governo e da ciência militarizada.
Resta-me dizer que Peter Jackson, realizador de King Kong e da trilogia Senhor dos Anéis, que em breve nos presenteará com The Lovely Bones, teve olho quando descobriu o realizador deste filme, depois deste ter feito uma curta metragem que se pode encontrar no youtube que nos mostra o momento da chegada dos alienígenas e todo o conflito gerado. Distrito 9 é a continuação desta curta-metragem (que provavelmente poderemos ver quando sair em DVD) e é mais que óbvio que o filme terá outra sequela nos anos vindouros... Venha ela. A originalidade e criatividade deve ser sempre aplaudida. E este é o caso!

Fica aqui o endereço do site oficial: http://www.d-9.com/

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