
Continuando!
2012 não me desiludiu nada! Adorei este filme! Rolland Emmerich está de parabéns por ter feito um filme trepidante em que as personagens não se movem como peças de xadrez. É evidente que tudo está incrivelmente exagerado, mas olhem bem para a premiça: é o FIM DO MUNDO! Tem que ser algo em grande!
Existe uma ou outra personagem um tanto ou quanto caricatural (vejam os russos), mas o realizador e os actores conseguiram insuflar vida em todas aquelas pessoas de vários países que tentam salvar-se a todo o custo. John Cusack regressa num papel que lhe revitaliza a carreira, mostrando que continua um óptimo actor de comédia e consegue transportar às costas um filme de 200 milhões de euros. É ele que nos leva nesta espectacular viagem pelo Apocalipse (e viagem não é necessariamente uma metáfora) em que nos divertimos, rimos, agarramos as cadeiras, tentamos sobreviver com a todo o tipo de cataclismos avassaladores e mega-realistas, envolvemo-nos com as personagens, emocionamo-nos, assustamo-nos... um pouco de tudo. O filme tem todos os ingredientes.
Falando das outras personagens: quem esperava ver Amanda Peet interpretar uma personagem jovial e cómica, como nos habituou, desengane-se. Ela é o contraponto dramático de John Cusack, sendo a ex-mulher que teve que desistir do seu futuro para cuidar dos filhos, enquanto ele tentava ser um escritor de ficção-científica. Chiwetel Ejiofor revela-se um óptimo actor (sendo que tem aparecido sempre em papéis mais secundários do que principais até este filme) sendo o grande herói moral deste filme. É um cientista de valores, guiado pela razão e pelo conhecimento. Thandie Newton não tem aqui um papel interessante para meter no currículo, quando já interpretou personagens de enorme intensidade dramática na série "Serviço de Urgência" e no espectacular "Crash - Colisão". Na minha opinião, ambas as actrizes principais foram ligeiramente sub-aproveitadas. Mas é um prazer vê-las e elas também não se queixaram muito.
Danny Glover (Arma Mortífera, Ensaio sobre a Cegueira) é um presidente dos EUA convincente, com o peso de todas as decisões tomadas relativamente ao destino da humanidade a pesarem-lhe na consciência. É um excelente actor, num excelente papel, que poderia ser uma referência a Obama (que ainda não era presidente quando o filme estava a ser rodado). Mas continuo a preferir ver o Morgan Freeman a fazer o mesmo papel no meu adorado Impacto Profundo (o filme que me fez querer ser realizador de cinema, um dia...).
Finalmente, a personagem de Oliver Platt talvez fosse desnecessária, ou seja demasiado plana. É o mau da fita. Não nego que existam homens destes na realidade. Eles existem e não têm escrúpulos. Mas é um cliché num filme deste género. Podia ter sido evitado. Não fosse o facto de Chiwettel Ejiofor ser o seu oposto (com escrúpulos) seria de desejar que este lhe tivesse espetado uma murraça nas fuças. Ainda bem que não aconteceu. Isso, apesar de prazeroso para o público, seria um cliché ainda maior. E deixem-me falar-vos de Woody Harrelson! O homem é genial! Louco, alucinado, perfeito nesta personagem que quase nos faz chorar a rir e arrepiar perante as imagens apocalípticas que ele descreve e admira tanto como nós. Ele pode muito bem ter sido o melhor deste filme.
Não me vou prolongar em relação aos efeitos especiais. Estão muito próximos da perfeição. Nunca vimos no cinema desastres naturais tão realistas, gigantescos, horripilantes e avassaladores como neste 2012!
O argumento não é uma obra de arte, mas deixa que as personagens se desenvolvam, é bem ritmado e equilibrado, o que num filme com tantas personagens quase principais, é de louvar. Há-de haver também pessoas, como eu, que ansiavam por um filme em que finalmente houvesse a coragem para acabar com tudo e arrasar a humanidade da face do planeta. Será que o final deste filme as vai deixar satisfeitas? Não vou revelar pormenores. Eu fiquei bastante satisfeito. Há-de haver quem não fique. Seja como for, daqui a algum tempo é possível que estejamos todos a ver televisão, assistindo ao novo projecto do realizador: Uma sequela deste filme, possivelmente chamada 2013. Não será um filme, mas uma série. E eu estou ansioso por ver o que aconteceu pelo resto do planeta, com personagens de outros países, sobreviventes a tentar sobreviver ao Aftermath...
Respondendo a uma pergunta que eu coloquei neste blog há já bastante tempo: O fim do mundo será divertido? Sim. E vale a pena ver... numa sala de cinema, claro! Preparem-se para sair de lá com as pernas a tremer.